terça-feira, maio 16, 2006

 
Holanda: deputada Hirsi Ali demite-se e abandona o país

A deputada liberal de origem somali Ayaan Hirsi Ali, dura crítica do Islão, anunciou hoje a demissão imediata do seu mandato parlamentar e o abandono da Holanda, após uma polémica em torno das suas mentiras para obter asilo político.
«Hoje, deixo o meu mandato no parlamento. Abandono a Holanda. Vou fazer as malas, triste e aliviada», declarou Hirsi Ali, numa conferência de imprensa, em Haia.
O anúncio surge depois de a ministra da Imigração holandesa ter informado o parlamento de que a deputada poderia ser privada da nacionalidade holandesa por ter mentido quando solicitou asilo político, em 1992.
Ayaan Hirsi Ali, ameaçada de morte por fundamentalistas muçulmanos, vive sob protecção reforçada do Governo holandês 24 horas por dia.
Declarou que a verdadeira razão da sua partida para os Estados Unidos era o facto de ter que abandonar a sua casa, após uma queixa apresentada à justiça pelos seus vizinhos, devida à vigilância.
Acrescentou que a sua partida estava também relacionada com a discussão em torno da revogação da sua nacionalidade, mas acrescentou:
«Eu não me sinto expulsa«.
Segundo a comunicação social holandesa, Ayaan Hirsi Ali conseguiu um emprego no American Enterprise Institute, um centro de investigação ideologicamente próximo dos neo-conservadores.
De acordo com a imprensa de Haia, a deputada teria obtido um acordo com as autoridades norte-americanas quanto à sua segurança.
Amiga do realizador assassinado Theo Van Gogh, a deputada é argumentista do filme «Submissão», realizado por este e extremamente crítico do Islão.
O nome da deputada veio à baila na passada semana, depois de um documentário da televisão pública ter reconstituído o seu percurso de exilada política.
O filme mencionava o que Ayaan Hirsi Ali já evocara, ela própria, várias vezes: quando chegou à Holanda, em 1992, a futura deputada mentiu ao preencher o documento de pedido de asilo.
O Supremo Tribunal de Justiça da Holanda já retirou a nacionalidade a pessoas em situações semelhantes.
A deputada admitiu ter dado um nome e uma data de nascimento falsos, tendo também indicado que vinha directamente fugida da guerra na Somália, quando chegara do Quénia, onde vivia com a sua família e beneficiava de um estatuto de refugiada.
A deputada indicou ao New York Times que fugiu para escapar a um casamento forçado.
«Agora, sou criticada por ter mentido, mas há anos que o admiti», acrescentou ao diário norte-americano.
Definiu-se como uma «dissidente do Islão» que critica os ensinamentos islâmicos sobre as mulheres, os homossexuais, os apóstatas e os adúlteros.
Após o assassínio de Van Gogh, a deputada refugiou-se nos Estados Unidos.
Ao regressar, mudou-se para um apartamento do Estado holandês, em Haia, sob alta segurança.
Contudo, os seus vizinhos, inquietos com a sua própria segurança, conseguiram que a Justiça holandesa determinasse na passada semana a sua mudança.
Diário Digital / Lusa
16-05-2006 15:49:00

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