quinta-feira, agosto 17, 2006

 
Ambiente - relatório sobre crise mundial
Países ricos sem água
Os recursos económicos e as infra-estruturas não constituem nenhum seguro contra a escassez, a contaminação, a alteração climática e a seca nos países ricos.
A conclusão é de um estudo da World Wild Fund (WWF) que analisa a crise de água nos países ricos, motivada pelas alterações climáticas, seca, má gestão dos recursos e perda de zonas húmidas.
A agricultura intensiva em Espanha surge como uma das causas da seca em Portugal.

O relatório, que se debruça sobre a situação na Europa, nos Estados Unidos da América, Austrália e Japão, tece duras críticas às políticas espanholas de gestão dos recursos hídricos.
O país vizinho tem a maior taxa de barragens por habitante do Mundo, mas apesar de ter construído grandes empreendimentos nos últimos anos, não conseguiu resolver o problema da falta de água, piorando até a situação.
“Muitas barragens falharam ao não atingir os objectivos propostos”, lê-se no relatório.
Os milhões de turistas e a agricultura por irrigação na bacia do Mediterrâneo consomem água que “faz agora falta no centro de Espanha e Portugal”, considera a WWF.
Este tem sido um dos motivos para conflitos ibéricos sobre a água.
Os agricultores espanhóis, acusa a WWF, têm desperdiçado demasiada água.
Como exemplo, só a água utilizada anualmente para produzir excedentes de algodão, arroz, milho e alfaia equivale ao consumo doméstico de 16,3 milhões de espanhóis.
Os excedentes representam a quantidade de produtos produzida para além das quotas impostas pela União Europeia.
De fora ficam as “largas quantidades de tomate e morango, produzidas só para deitar fora, para manter os preços”, diz a organização.
A exaustão das fontes aquíferas e a contaminação dos rios são os principais problemas encontrados nos países desenvolvidos.
A WWF exemplifica com a quantidade média de água necessária para produzir certos produtos: hambúrguer 2400 litros, par de sapatos oito mil.
Portugal é referenciado como um dos poucos países desenvolvidos que já ratificou a Convenção da ONU sobre Direito dos Usos Não Navegacionais dos Cursos de Água Internacionais.
As reservas de água em Espanha caíram esta semana para o nível mais baixo dos últimos dez anos.
A situação mais grave é a reserva do rio Segura, onde estão acumulados 144 hectómetros cúbicos, 11,8 por cento da capacidade.
As reservas do Tejo (abastecem Madrid e asseguram o transvaze para o Segura) atingiram 43,8 por cento da capacidade.
Secas, inundações e contaminação – o retrato não é do 3.º mundo, é da Europa.
Os grandes rios do centro do continente são autênticos caixotes de lixo, como o Reno ou o Danúbio (a bacia do Danúbio é gerida por 18 países).
Os glaciares estão a ficar mais pequenos, influenciado os caudais dos rios e os níveis de cheias.A região dos
Grandes Lagos (EUA/Canadá) contém 18 por cento das reservas de água doce do planeta.
A WWF alerta para o alto nível de contaminação das águas e para as alterações do ecossistema, devido às invasões de espécies tropicais. As chuvas ácidas também preocupam.
A Austrália (Oceânia) é considerado o continente mais seco do mundo.
As áreas Sul do país perderam 15 por cento da precipitação dos anos 70. Actualmente, estão a ser construídas várias fábricas de dessalinização. Os lixos tóxicos das minas perto de Camberra poluíram as águas dos rios.
COMO AJUDAR
BARRAGENS CERTAS
As barragens são a infra-estrutura mais prejudicial à água.
A Comissão Mundial de Barragens recomenda que sejam considerados os benefícios ambientais, económicos e sociais antes da construção.
NÃO SUBSIDIAR
A WWF sugere que os Governos deixem de proteger e subsidiar a agricultura. Os agricultores raramente pagam o custo real da água que utilizam. Na maior parte dos países há utilização abusiva e ilegal de água.
RECUPERAR ATÉ 2010
A WWF pretende assegurar a manutenção de processos ambientais saudáveis em pelo menos 50 bacias hidrográficas e eco–regiões até 2010. Proteger e garantir a sustentabilidade de 250 milhões de hectares de terras húmidas é outra das metas a atingir até 2010.

Edgar Nascimento

Comments: Enviar um comentário

<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?