quarta-feira, agosto 30, 2006

 
ECOS DA HISTÓRIA – O advento da queda de Constantinopla

A queda de Constantinopla para os turcos otomanos em 1453 foi um evento histórico que segundo alguns historiadores marcou o fim da Idade Média na Europa, e também decretou o fim do último vestígio do Império Bizantino e da cultura clássica.

O declínio do império Bizantino decorre principalmente da expansão turca (seljúdica) e dos conflitos com o Império Austro-Hungaro. Porém, a primeira vez que Constantinopla foi saqueada, foi por cristão e não por seus inimigos tradicionais. A principal cidade bizantina foi tomada pela Quarta Cruzada em 1203. O ataque foi feito pelo mar, e a cidade foi saqueada e incendiada por três dias, e nem tesouros da Igreja Ortodoxa e supostas relíquias cristãs, riquezas acumuladas por quase 1000 anos, foram poupados. As razões da tomada de Constantinopla são variadas e complexas. Em 1190, quando a Terceira Cruzada formada por contingentes das potências ocidentais se dirigia à Terra Santa não recebeu dos bizantinos o apoio esperado, o que levou a um forte ressentimento. Tal sucedeu porque os bizantinos acreditavam que o líder curdo Saladino (principal inimigo dos cruzados instalados na Terra Santa) fosse invencível, preferiram manter-se o mais neutro possível afim de evitar um futuro ataque aos seus territórios.
Outro factor a ter em conta é o cisma religioso existente, o qual não foi aplacado pelos esforços da igreja latina e bizantina. Também deve ser considerado o costume de se distribuir entre os generais e seus soldados os espolios de guerra, neste caso formado pelos lendários tesouros e famosas relíquias. Por outro lado, os venezianos exigiam um preço pela sua participação nas cruzadas, e,os cruzados viram na capital bizantina a única fonte de recursos disponível para satisfazer os venezianos. Além disso, existia uma crise sucessória no trono bizantino, que facilitou a investida da cruzada. Depois de uma revolta bizantina, em 1204 os cruzados novamente tomaram a cidade. Inaugurou-se assim o chamado império latino (1204-1261) com o reinado de Balduinus I. Parte dos territórios bizantinos foram então divididos entre os chefes da cruzada, formando-se os reinos independentes católicos na região de Tessalonica, Trebizonda, Épiro e Nicéia. Os bizantinos reuniram forças, e em 1261 retomaram Constantinopla e restabeleceram o seu domínio sobre a Península Balcânica

O cisma entre Igrejas Católica e Ortodoxa mantivera Constantinopla distante das nações ocidentais, e mesmo durante os cercos de turcos muçulmanos, não conseguira mais do que indiferença de Roma e seus aliados. Em uma última tentativa de aproximação, tendo em vista a constante ameaça turca, o Imperador João VIII promoveu um concílio em Ferrara, na Itália, onde as diferenças entre as duas fés foram rapidamente resolvidas. Entretanto, a aproximação provocou tumultos entre a população bizantina, dividida entre os que rejeitavam a igreja romana e os que apoiavam a manobra política de João VIII.
João VIII morrera em 1448, e seu filho Constantino assumiu o trono no ano seguinte. Era uma figura popular, tendo lutado na resistência bizantina no Peloponeso frente ao exército otomano, mas seguia a linha de seu pai na conciliação das igrejas oriental e ocidental, o que causava desconfiança não só entre o clero bizantino como também no Sultão Murad II, que via esta aliança como um ameaça de intervenção das potências ocidentais na resistência à sua expansão na Europa.

Em 1451, Murad II morreu, sendo sucedido pelo jovem filho Maomé II (ou Mahmed II). Inicialmente, Maomé prometera não violar o território bizantino. Isto aumentou a confiança de Constantino que, no mesmo, ano, sentiu-se suficiente seguro para exigir o pagamento de uma anuidade para a manutenção de um obscuro príncipe otomano, mantido como refém, em Constantinopla. Furioso mais pelo ultraje em si do que pela ameaça ao seu parente, Maomé II ordenou os preparativos para um cerco total à capital bizantina.

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