quarta-feira, agosto 30, 2006

 
Faleceu único escritor árabe a receber Nobel

O até único escritor de língua árabe a receber o Prémio Nobel faleceu, esta quarta-feira, aos 94 anos. Naguib Mafouz notabilizou-se por obras como a «Triologia do Cairo», «A Viela de Midaq», e «Filhos do Nosso Bairro», obra com a qual obteve o reconhecimento internacional.
( 08:57 / 30 de Agosto 06 )

Naguib Mafouz, o até agora único escritor de língua árabe vencedor do Prémio Nobel, considerado pela crítica como o maior cronista do Egipto da actualidade e morreu, esta quarta-feira, aos 94 anos.
O escritor, que se notabilizou pela sua «Triologia do Cairo», tinha sido hospitalizado, a 16 de Julho, após uma queda na rua que lhe provocou uma lesão na cabeça que obrigou a uma cirurgia.
Mafouz, que nasceu a 11 de Dezembro de 1911 numa família em que era o mais novo de sete irmãos, licenciou-se em Filosofia com 23 anos na então Universidade Faruk I (agora Universidade do Cairo), tendo sido nessa altura que começou a escrever.
Depois dos seus estudos, Mafouz abandonou a escrita em revistas especializadas para se dedicar à ficção, trabalho que foi fazendo ao mesmo que exercia funções no Ministério dos Assuntos Religiosos.
Em 1947, o escritor laçou o romance «A Viela de Midaq», um dos seus escritos mais famosos e que passou mesmo para o cinema através do realizador mexicano Jorge Fons, que a situou no México actual.
O filme venceu um Prémio Goya em 1996.
Cinco anos mais tarde, a seguir à queda da monarquia egípcia, Naguib Mafouz escreveu a «Triologia do Cairo», baseada na sua biografia e que narra a história de uma família humilde entre 1917 e 1944 no Egipto.
No plano político, o também chamado «Balzac do Egipto» apoiou incondicionalmente o tratado de paz entre o Egipto e Israel em 1978, o que lhe valeu a inclusão nas listas negras de vários países árabes.
Depois disto, Mafouz foi condenado por um líder islâmico, actualmente preso por envolvimento nos ataques do 11 de Setembro, à morte por causa de outros dos seus mais famosos romances, «Filhos do Nosso Bairro» (1959), que está proibido no Egipto, mas que lhe valeu o reconhecimento internacional.
Em 1988, surgiu o reconhecimento por parte da Academia Sueca que o galardoou com o Prémio Nobel por «ter elaborado uma arte novelística árabe com validade universal».
Seis anos depois, o escritor egípcio sobreviveu a uma tentativa de assassinato, após ter sido apunhalado no pescoço por um fundamentalista, ataque que lhe provocou uma paralisia na mão direita que lhe obrigou a deixar de escrever e a ditar os seus textos.

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