terça-feira, setembro 05, 2006
Parlamento Europeu critica Turquia, processo adesão em risco
A Turquia, criticada hoje novamente pelo Parlamento Europeu, arrisca-se a ver derrapar, no Outono, as suas negociações de adesão à UE, que continua a aguardar a normalização das relações entre Ancara e Nicósia.
«Não constatámos qualquer aceleração do ritmo das reformas desde a abertura das negociações, em Outubro de 2005. É lamentável», declarou hoje o eurodeputado conservador holandês Camiel Eurlings, ao apresentar um relatório aprovado segunda-feira à noite pela comissão dos Negócios Estrangeiros do Parlamento Europeu.
Este relatório, que deverá ser adoptado em sessão plenária do PE em finais de Setembro, pressiona ainda, mais uma vez, Ancara para que «normalize» as suas relações bilaterais com Chipre «tão rapidamente quanto possível».
Segundo uma fonte comunitária, o ritmo das reformas, nomeadamente em matéria de liberdade de expressão, e o problema cipriota estarão na ordem do dia do encontro de quinta-feira, em Bruxelas, entre o comissário europeu para o Alargamento, Olli Rehn, e o ministro da Economia e chefe da equipa negocial turca, Ali Babacan.
Apesar de a UE defender que se recupere «o ritmo das reformas», é a recusa de Ancara de permitir que os navios cipriotas entrem nos seus portos que ameaça directamente o futuro das conversações de adesão.
A Turquia assinou, em Julho de 2005, o protocolo de Ancara, que estende a sua união aduaneira com a UE aos dez Estados entrados na União em 2004, entre os quais Chipre.
Contudo, os turcos continuam a não reconhecer as autoridades de Nicósia e não aplicam portanto este acordo em relação a Chipre.
As negociações de adesão da Turquia à UE encaminham-se para uma «crise importante» no Outono, considerou Kirsty Hugues, num relatório do centro de reflexão Os Amigos da Europa.
Utilizando uma metáfora ferroviária favorita do comissário Rehn, Kirsty Hugues admite quatro cenários para as negociações com a Turquia nos próximos meses: de «a todo o vapor» para o cenário mais optimista, até ao «grave acidente ferroviário», passando pelo «descarrilamento sem vítimas» e a «avaria mecânica».
Para o grupo, tendo em conta as actuais tendências, o «grave acidente» é o cenário mais provável.
Para evitar o abrandamento ou a suspensão das negociações, já previstas para durar pelo menos 10 anos, Kirsty Hugues considera que Ancara deve acelerar o seu programa de reformas e fazer um gesto para a abertura dos seus portos.
Sublinha também que há que pôr fim ao isolamento da comunidade turca do norte de Chipre, como a UE prometeu em 2004, após o malogro do referendo de reunificação da ilha, dividida desde 1974.
Contudo, Nicósia, que dirige a parte sul da ilha, bloqueia qualquer medida comercial a favor da República Turca do Chipre do Norte, reconhecida apenas por Ancara.
Os 25, pressionados por uma opinião pública europeia cada vez mais hostil ao alargamento em geral, e à Turquia em particular, deverão discutir as medidas a tomar contra Ancara após a publicação do relatório anual de Bruxelas sobre a Turquia, prevista para 24 de Outubro.
Contudo, há o risco de se dividirem quanto à «punição» a impor, com, por um lado, os defensores de uma «linha dura», como Nicósia, Atenas, Viena e Paris, e, pelo outro, países mais favoráveis à adesão turca, como a Grã-Bretanha, a Espanha ou a presidência finlandesa da UE.
O ministro dos Negócios Estrangeiros finlandês, Erkki Tuomioja, que tenta conseguir um compromisso, advertiu sábado, todavia, que a UE se verá obrigada a suspender, pelo menos parcialmente, as conversações de adesão com a Turquia, a começar pelas respeitantes às questões da união aduaneira.
Diário Digital / Lusa
05-09-2006 17:25:00
A Turquia, criticada hoje novamente pelo Parlamento Europeu, arrisca-se a ver derrapar, no Outono, as suas negociações de adesão à UE, que continua a aguardar a normalização das relações entre Ancara e Nicósia.
«Não constatámos qualquer aceleração do ritmo das reformas desde a abertura das negociações, em Outubro de 2005. É lamentável», declarou hoje o eurodeputado conservador holandês Camiel Eurlings, ao apresentar um relatório aprovado segunda-feira à noite pela comissão dos Negócios Estrangeiros do Parlamento Europeu.
Este relatório, que deverá ser adoptado em sessão plenária do PE em finais de Setembro, pressiona ainda, mais uma vez, Ancara para que «normalize» as suas relações bilaterais com Chipre «tão rapidamente quanto possível».
Segundo uma fonte comunitária, o ritmo das reformas, nomeadamente em matéria de liberdade de expressão, e o problema cipriota estarão na ordem do dia do encontro de quinta-feira, em Bruxelas, entre o comissário europeu para o Alargamento, Olli Rehn, e o ministro da Economia e chefe da equipa negocial turca, Ali Babacan.
Apesar de a UE defender que se recupere «o ritmo das reformas», é a recusa de Ancara de permitir que os navios cipriotas entrem nos seus portos que ameaça directamente o futuro das conversações de adesão.
A Turquia assinou, em Julho de 2005, o protocolo de Ancara, que estende a sua união aduaneira com a UE aos dez Estados entrados na União em 2004, entre os quais Chipre.
Contudo, os turcos continuam a não reconhecer as autoridades de Nicósia e não aplicam portanto este acordo em relação a Chipre.
As negociações de adesão da Turquia à UE encaminham-se para uma «crise importante» no Outono, considerou Kirsty Hugues, num relatório do centro de reflexão Os Amigos da Europa.
Utilizando uma metáfora ferroviária favorita do comissário Rehn, Kirsty Hugues admite quatro cenários para as negociações com a Turquia nos próximos meses: de «a todo o vapor» para o cenário mais optimista, até ao «grave acidente ferroviário», passando pelo «descarrilamento sem vítimas» e a «avaria mecânica».
Para o grupo, tendo em conta as actuais tendências, o «grave acidente» é o cenário mais provável.
Para evitar o abrandamento ou a suspensão das negociações, já previstas para durar pelo menos 10 anos, Kirsty Hugues considera que Ancara deve acelerar o seu programa de reformas e fazer um gesto para a abertura dos seus portos.
Sublinha também que há que pôr fim ao isolamento da comunidade turca do norte de Chipre, como a UE prometeu em 2004, após o malogro do referendo de reunificação da ilha, dividida desde 1974.
Contudo, Nicósia, que dirige a parte sul da ilha, bloqueia qualquer medida comercial a favor da República Turca do Chipre do Norte, reconhecida apenas por Ancara.
Os 25, pressionados por uma opinião pública europeia cada vez mais hostil ao alargamento em geral, e à Turquia em particular, deverão discutir as medidas a tomar contra Ancara após a publicação do relatório anual de Bruxelas sobre a Turquia, prevista para 24 de Outubro.
Contudo, há o risco de se dividirem quanto à «punição» a impor, com, por um lado, os defensores de uma «linha dura», como Nicósia, Atenas, Viena e Paris, e, pelo outro, países mais favoráveis à adesão turca, como a Grã-Bretanha, a Espanha ou a presidência finlandesa da UE.
O ministro dos Negócios Estrangeiros finlandês, Erkki Tuomioja, que tenta conseguir um compromisso, advertiu sábado, todavia, que a UE se verá obrigada a suspender, pelo menos parcialmente, as conversações de adesão com a Turquia, a começar pelas respeitantes às questões da união aduaneira.
Diário Digital / Lusa
05-09-2006 17:25:00