sábado, outubro 21, 2006

 
«A crise» em Portugal em documentário de 45 minutos na TVE

A crise em Portugal foi o tema de um documentário de 45 minutos transmitido na noite de sexta-feira no programa «En Portada», um dos principais espaços de grande reportagem do canal 2 da televisão espanhola, TVE.

A descrição foi a de um país que «é o mais desigual da Europa, onde 20% da população roça a pobreza» e no qual a população vive «com a auto-estima mais baixa da UE a 25», num clima de «depressão e desânimo».
Percorrendo Portugal de Norte a Sul e registando declarações de membros do governo, especialistas, académicos, autarcas e cidadãos anónimos o programa aludiu a alguns dos aspectos mais preocupantes da realidade social e económica portuguesa.
Temas como a desertificação, o isolamento do interior, o fecho de serviços de saúde e educativos devido ao despovoamento de várias regiões, a burocracia, os atrasos nas obras e as perdas de empregos na indústria, nomeadamente têxtil e calçado, marcaram a viagem da equipa de reportagem espanhola.
O documentário visitou, entre outras, povoações como Escalhão, próximo do Vale do Côa, onde um pastor dizia que «até as pedras levam», numa referência à venda de pedras para responder ao «boom» da construção em Salamanca.
A aldeia de Rabal, Bragança, a cidade de Mirandela, em Trás-os-Montes, as lotas de Peniche e de Lagos, o interior litoral e o Algarve, foram algumas das regiões percorridas.
Ao longo dos 45 minutos o documentário descreveu a situação que vivem povoações isoladas «onde o ciclo vicioso» do despovoamento levou os habitantes a sentirem-se isolados e esquecidos pelos centros de poder.
«A economia expandiu-se, com a adesão à Europa, mas não se modernizou», referia o documentário, notando, por exemplo, a falta de modernização de algumas fábricas têxteis ou as dificuldades da frota de pesca portuguesa que trás para terra apenas 25% do que o país consome.
O documentário incluiu referências aos 60 milhões de euros acima do previsto que custaram os estádios do Euro 2004, aos atrasos na extensão do Metro e no Túnel do Marquês.
Com declarações de Victor Constâncio, sobre o défice das contas públicas, do ministro da Economia Manuel Pinho, sobre os objectivos do governo de «ajustar as contas públicas e estimular empresas privadas», o documentário procurou apresentar um retrato da situação económica em Portugal.
Referiu, por exemplo, que «no meio da crise o sector da banca registou um aumento de 30% nos lucros» e que, «numa contradição evidente» Portugal tem «um dos espaços comerciais maiores da Europa».
«Apesar de tudo o consumo teima em não baixar», comentou o narrador.
Aludindo à governação de José Sócrates, o documentário referiu que o PM «não tem contestação no governo», que as críticas da oposição «são débeis» e que, ao fim do mandato «o sucesso ou o falhanço da agenda de governação dependerá exclusivamente do chefe do governo».
Apesar da crise, o documentário dá conta dos esforços em várias áreas para ultrapassar a situação, modernizar a industria, requalificar zonas turísticas no Algarve e reforçar o investimento em investigação e tecnologia.
Como exemplo cita o sucesso de algumas fábricas de têxtil e calçado, o modelo adoptado na AutoEuropa e os avanços no sector da cortiça, visitando ainda o centro de formação de Famalicão.
«É um país sereno, educado, por vezes lento, que luta à sua maneira para sair da crise. Das várias crises», conclui o documentário.

Diário Digital / Lusa
21-10-2006 11:45:30

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