quarta-feira, outubro 11, 2006

 
ECOS DA HISTÓRIA - Portugal e Polónia - Diplomacia entre o século XVI e XVIII

Em 1518 na corte em Lisboa apareceu Jan Tarnowski, o futuro condestável da Polónia, com uma carta recomendatória do rei Sigismundo I, o Velho. Tarnowski e os seus companheiros foram armados cavaleiros na igreja de Santa Juliana pelo próprio rei Manuel I.

Quatro anos mais tarde embarcou em Plymouth, num navio português, o primeiro diplomata profissional polaco enviado para a Península Ibérica. Trata-se de Jan Dantyszek que, embora tivesse passado oito anos em Espanha, também se interessava muito por Portugal, onde, nessa altura, reinava o rei Dom João III, o Piedoso. Dantyszek estava fascinado pela frota portuguesa. Informava a corte polaca sobre as expedições de Vasco da Gama e de Pedro Álvares Cabral nos seus três livros de memórias.
Em 1529 e 1531 efectuou duas missões à Polónia o primeiro diplomata português, Damião de Góis - ilustre historiador e benemérito cronista das façanhas de Vasco e de Gaspar da Gama. Foi-lhe conferida a tarefa de investigar as possibilidades de unir por parentesco a dinastia portuguesa de Avis com a dinastia que reinava na Polónia e na Lituânia, a dos Jagellones, através do casamento do príncipe Luís com a filha de Zygmunt (Sigismuno) I, o Velho, a princesa Jadwiga (Edviges) Jagellon, à mão da qual aspiravam representantes das mais ilustres famílias da Europa.
Nos finais do século XVI, os fidalgos polacos peregrinavam ao sepulcro de Sant’Iago em Santiago de Compostela, na Galiza espanhola, e depois frequentemente visitavam Portugal. Em 1578, Jerzy e Stanislaw Radziwill foram recebidos numa audiência na corte do rei português em Lisboa.
No século XVII, os contactos políticos entre a Polónia e Portugal tornavam-se cada vez mais estreitos. O rei polaco Wladyslaw (Ladislau) IV Vasa , sonhando com o poder da Polónia no mar, enviou o seu irmão Jan Kazimierz (João Casimiro) para a Península Ibérica. O príncipe, que era para ser nomeado almirante espanhol e tomar posse de vice-rei de Portugal, foi cativado pelos franceses. Também falharam as tentativas de enviar aos portos portugueses os navios de querra polacos, transformados em navios mercantes, cuja parte foi tomada pelos dinamarqueses, franceses e espanhóis, enquanto o resto se afundou no Golfo da Biscaia.
Jan (João) III Sobieski, rei polaco e comandante da liga anti-turca europeia, que subjugou ao vizir Kara Mustafa, salvando assim Viena e a Europa. Quando se preparava para a guerra com a Turquia pediu a Portugal um apoio financeiro. Foi por este motivo que viajou a Lisboa o diplomata em sotaina, Pe Jedrzej Zaluski, o futuro chanceler da Polónia e bispo de Cracóvia. Em Novembro de 1683, o papa Inocêncio XI transferiu para o monarca polaco 100 mil táleres oferecidos por Portugal. As crónicas relatam também uma estada na Polónia dum enviado do rei português. O Pe Francisco Pereira da Silva investigou as possibilidades de casar a infanta Isabel com Jakub (Tiago) Sobieski, filho do monarca polaco. Os Habsburgos eram contra esse casamento.
Nos finais do século XVIII o território polaco foi repartido entre a Rússia, a Prússia e a Áustria. A Polónia desapareceu do mapa da Europa para 130 anos.

Comments: Enviar um comentário

<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?