sexta-feira, janeiro 12, 2007

 
Dinamarca: Doadores de esperma apertados pelo fisco

Os doadores dinamarqueses de esperma terão de declarar às Finanças os rendimentos das suas doações e pagar impostos, indicou hoje o ministro do Interior e da Saúde numa nota escrita ao Parlamento.

Esta decisão corre o risco «de ter graves consequências para os doadores na Dinamarca que receiam perder o anonimato ao declararem os seus ganhos ao fisco, e, por isso, de não quererem mais doar o seu esperma», declarou Olé Schou, director de Cryos (International Sperm Bank), um dos maiores bancos de esperma no mundo.
«Um inquérito junto dos nossos doadores mostrou que apenas 7% aceitaria continuar a vir ao nosso banco se tivesse de declarar os seus ganhos às finanças e deixar de ser anónimo», acrescentou.
O ministro Lars Loekke Rasmussen (liberal) sublinhou nesta nota à Comissão parlamentar de Saúde que «o serviço dos impostos não deve e não pode anular o princípio do anonimato».
«As Finanças não exigem que os doadores de esperma sejam fichados enquanto doadores mas unicamente como contribuintes que devem declarar os seus rendimentos como os outros».
Os doadores, «na maioria estudantes», recebem em média «250 coroas dinamarquesas (33,5 euros) por cada depósito no banco de esperma e ganham cerca de 5.800 coroas (777 euros) por ano, de acordo com Schou.
Cryos reúne-se a 21 de Fevereiro com os parlamentares dinamarqueses ligados às questões de saúde e de fiscalidade a fim de os convencer a levar o governo a rever a sua posição», acrescentou.
«É claro que não teremos praticamente mais doadores se esta regra fiscal for aplicada. Esta penalizará sobretudo os pais incapazes de ter filhos que se voltarão para um mercado paralelo ou para o estrangeiro para procurarem esperma», afirmou.
O banco de esperma dinamarquês, aberto em 1987 em Aarhus (centro), vai abrir a 1 de Março uma filial em Nova Iorque em busca de outras alternativas, caso os seus stocks venham a esvaziar-se por falta de doadores dinamarqueses.
Cryos possui mais de 250 doadores nas suas fichas, a maioria escandinavos, e exporta 60% da sua produção para 50 países em todo o mundo. Os seus espermas congelados resultaram em 12.000 gravidezes desde 1991.

Diário Digital / Lusa
12-01-2007 23:00:00

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