segunda-feira, janeiro 15, 2007

 
Filme que ridiculariza Hitler é êxito na Alemanha

O filme «Mein Fuhrer», do realizador suíço Dani Levy, que ridiculariza a figura do ditador nazi Adolf Hitler, está a ser um êxito de bilheteira poucos dias depois da sua estreia, na passada quinta-feira.

A cadeia alemã Cinemaxx anunciou hoje que o filme foi o mais visto dos últimos dias, à frente de grandes produções como «Déjà vu», de Tony Scott, e «Casino Royal», o último filme do agente secreto James Bond, já em cartaz há algumas semanas.
Esta classificação foi feita com dados recolhidos entre quinta-feira e domingo em 339 salas de cinema alemãs. Só na quinta-feira, viram o filme 45.000 espectadores.
Hitler, protagonizado pelo comediante Helge Schneider, aparece a brincar na banheira com um navio de guerra de plástico, de pijama e em fato de treino, e mostra-se impotente numa cena de sexo com Eva Braun.
O cenário são os derradeiros meses da II Guerra Mundial, em finais de 1944, quando, face ao avanço das tropas aliadas, Hitler começa a ficar deprimido.
Para tentar superar a depressão, os conselheiros do ditador resolvem então ir buscar um professor de dicção judeu a um campo de concentração nazi, para que Hitler possa fazer de novo um discurso arrebatador ao povo alemão.
O professor, Adolf Gruenbaum, interpretado por um dos mais consagrados actores alemães, Ulrich Muehe, depressa se transforma num psicólogo com uma influência cada vez maior sobre Hitler, que já não quer prescindir do «seu judeu», enquanto o Estado-Maior nazi tenta arranjar maneira de se ver livre dele.
Apesar de Hitler ter sido satirizado por grandes realizadores como Charlie Chaplin, em «O Grande Ditador», ou Ernst Lubitsch, em «Ser ou não Ser», anos mais tarde pretexto para um remake de Mel Brooks, este filme causou polémica na Alemanha.
O escritor judeu Ralph Giordano manifestou receios de que a comédia «sirva para transformar Hitler numa figura humorística, apesar de os 15 milhões de mortos que ele causou não serem motivo para rir».
O realizador Dani Levy, também de origem judaica, justificou- se dizendo que o objectivo foi «apear Hitler, que surge sempre como um colosso, do pedestal em que o colocaram, o que numa comédia se faz satirizando».
O protagonista de «Mein Fuhrer», Helge Schneider, também veio a público criticar o realizador, considerando o filme «parvo», e criticando Levy por ter alegadamente abandonado o guião inicial, que era ainda mais centrado no ditador nazi.
«Agora, com a nova montagem, o filme é apenas uma história sobre judeus, e, se eu soubesse, provavelmente, não teria participado», disse o conhecido humorista à imprensa alemã.
O conselho central dos judeus na Alemanha também criticou o filme.
«Tendo em conta a deportação e morte de milhões de pessoas na Europa pelos nazis, a comédia Mein Fuhrer não me faz rir», afirmou o secretário-geral da organização, Stephan Kramer.
Já a revista Der Spiegel considerou o filme «excelente», adiantando que «não é apenas um filme sobre Hitler mas também sobre a forma como lidamos com as imagens desse período de terror».
«Mein Fuhrer - die Warsten Wahrheit ueber Adolf Hitler», título completo do filme, que dura 90 minutos, poderá ser traduzido como «A Verdade Verdadinha sobre Adolf Hitler».

Diário Digital / Lusa
15-01-2007

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