quarta-feira, janeiro 24, 2007

 
Mujahedines com que Casaca dançou continuam lista terroristas

O grupo iraniano Mujahedines do Povo, com quem o eurodeputado socialista Paulo Casaca se encontrou no Iraque, continua na lista das organizações terroristas da União Europeia, disse hoje à Lusa fonte oficial do Conselho de Ministros dos 27.

A mesma fonte explicou que a primeira decisão do Conselho da UE, de 2002, que incluiu os Mujahedines na lista europeia de organizações terroristas foi, de facto, anulada pelo Tribunal de Justiça da União, devido a uma mera falha nos procedimentos, mas que se mantêm em vigor as duas revisões de que a lista foi objecto posteriormente, em 2004 e 2006, nas quais se manteve o grupo opositor do regime iraniano.
«Este grupo (Mujahedines do Povo) está desde 2002 na lista das organizações terroristas, que já foi actualizada várias vezes, e vai continuar», assegurou à Lusa a fonte oficial do Conselho de Ministros da União Europeia, que representa os governos dos 27 Estados-membros.
O Tribunal de Justiça da UE anulou em 12 de Dezembro passado a decisão de 2002 dos Estados-membros relativa à principal organização da oposição iraniana, alegando que o Conselho de Ministros da UE falhou nos procedimentos de justificação da medida.
No entanto, o Conselho de Ministros dos 27 já reviu essa lista em 2004 e 2006, considerando sempre os Mujahedines do Povo como uma organização terrorista.
A fonte da instituição que reúne os governos da UE disse à Lusa que o Conselho, para evitar «contradições» no futuro, vai enviar, «nos próximos dias», uma «declaração de justificação» ao grupo iraniano considerado terrorista a explicar as razões da sua inclusão na lista e do congelamento dos seus bens. Os Mujahedines podem depois contestar as razões a invocar pelos 27, justificando.
«Limitamo-nos a corrigir uma falta processual», disse a mesma fonte do Conselho da UE, acrescentando que o grupo Mujahedines do Povo «continua e continuará na lista europeia de organizações terroristas».
Por seu lado, o eurodeputado eleito pelo PS Paulo Casaca sustenta que o grupo foi retirado da lista da UE de organizações terroristas com a sentença do Tribunal de Justiça europeu.
O deputado socialista do Parlamento Europeu surgiu no final da semana passada num vídeo divulgado na Internet a confraternizar e a dançar no Iraque com elementos dos Mujahedines do Povo, grupo que os Estados Unidos da América também consideram terrorista.
Confrontado hoje pela Lusa com a posição do Conselho da UE sobre os Mujahedines, Paulo Casaca considerou que seria «gravíssimo» a instituição não acatar a decisão do Tribunal. «A sentença tem de ser aplicada imediatamente», defendeu.
Paulo Casaca, que se deslocou ao Iraque a título pessoal, participou em reuniões com os Mujahedines, na base do grupo, perto de Bagdad.
Na viagem ao Iraque, entre 2 a 10 deste mês, Paulo Casaca foi acompanhado pelo deputado alemão do Grupo da Esquerda Unida (comunista) André Brie.
Os Mujahedines foram criados na década de 60 em oposição ao regime do Xá e, depois da revolução islâmica, em 1979, entraram em choque com o regime dos ayatollahs, que combateu a partir do Iraque, com o apoio do ex-ditador iraquiano Saddam Hussein.
O deputado socialista reuniu-se hoje com o presidente do Parlamento Europeu, Hans-Gert Poettering, a quem apresentou o relatório da sua deslocação e trocou impressões sobre a situação no Médio Oriente e as opções de política europeia em relação ao Iraque.
Paulo Casaca seguiu hoje para as Nações Unidas, em Genebra, onde diz ter agendados encontros com António Guterres, Alto-Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, e com outros dirigentes da organização, nomeadamente, com os directores para o Norte de África e Médio Oriente e para o Iraque.

Diário Digital / Lusa
24-01-2007 19:57:54

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