quinta-feira, fevereiro 15, 2007

 
Consumo de antidepressivos estagnou em Portugal, diz jornal

O consumo de antidepressivos estagnou em Portugal, mas os médicos afirmam que a depressão não diminuiu, devendo a explicação estar na quebra do poder de compra dos portugueses, revela hoje o jornal Público.

«O consumo de antidepressivos tem aumentado exponencialmente desde o início da década, mas os últimos números do Instituto Nacional da Farmácia e do Medicamento (Infarmed) mostram abrandamento: de 2004 para 2005, o número de embalagens vendidas apenas subiu 0,5%», afirma o jornal.
Citado pelo Público, o presidente da Associação Portuguesa da Medicina da Adição, Margalho Carrilho, afirmou que a explicação pode estar na perda do poder de compra dos portugueses e na diminuição na comparticipação de fármacos.
«O consumo de medicamentos antidepressivos aumentou de cerca de quatro milhões de embalagens (em 2000) para quase seis milhões em 2004, mas analisando os últimos números do Infarmed, conclui-se que a subida, constante pelo menos desde 2000, parece estar a abrandar», refere do diário.
De acordo com o jornal, de 2003 para 2004 o aumento da venda de antidepressivos foi de 11,7%, mas de 2004 para 2005 não ultrapassa os 0,5%, «o que se traduz numa diferença de apenas mais 32.428 embalagens vendidas».
Segundo o Público, «Margalho Carrilho não tem dúvidas de que o número de pessoas com perturbações depressivas continua a aumentar no país, como acontece em todo o mundo ocidental».
«Por isso, aponta a diminuição da comparticipação e o aumento do preço dos medicamentos como possíveis dissuasores de uso», sublinha o jornal.
O diário sublinha que o professor de Psicofarmacologia da Faculdade de Psicologia da Universidade de Coimbra Carlos Lopes Pires olha «com estranheza» para os dados de abrandamento do consumo, porque «contrariam a sua visão de terreno e prática clínica».
«Ao seu consultório chegam-lhe cada vez mais pessoas que acumulam vários psicofármacos e diz que os antidepressivos são cada vez mais usados para distúrbios de ansiedade», afirma o diário.
O Público revela ainda que os números do Infarmed também revelam abrandamento da subida dos ansiolíticos (reduzem a ansiedade), sedativos (tranquilizantes) e hipnóticos (induzem o sono).
O conjunto destes fármacos sofreu um acréscimo de embalagens de 4%, de 2003 para 2004.
De 2004 para 2005, a subida ficou-se pelos 0,9%, o que significa um acréscimo de apenas mais 185.293 embalagens.
Para Carlos Lopes Pires, a menor prescrição destes fármacos poderá ter a ver com uma maior consciência por parte da classe médica dos seus efeitos de criação de dependência, indica o jornal.

Diário Digital / Lusa
15-02-2007 9:46:27

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