quinta-feira, fevereiro 08, 2007

 

H5N1: 32 mil mortos prováveis se pandemia atingir Portugal

Mais de 32 mil mortos é o número provável de vítimas se uma pandemia de gripe humana de origem aviária atingir Portugal, de acordo com cenários traçados por peritos que reconhecem que o anti-viral Oseltamivir reduzirá esta mortalidade.


A necessidade de planear uma resposta a uma eventual pandemia de gripe em Portugal levou vários peritos a elaborar cenários.
Os primeiros «Cenários preliminares para uma eventual pandemia de gripe» foram elaborados pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) e apresentados em Julho de 2005.
Na altura, foram equacionadas taxas de ataque de 25, 30 e 35% da população e um número de óbitos previsto de 7.975, 9.571 e 11.166, respectivamente.
Os cenários foram, entretanto, actualizados, dando origem a um relatório a que a Lusa teve acesso e que levou em conta «medidas de intervenções que, em 2005, ainda não estavam implantadas», nomeadamente a utilização de Oseltamivir.
Popularmente designada por gripe das aves, a pandemia em análise é na verdade uma pandemia de gripe humana de origem em aves, a qual poderá, ou não, ser desencadeada pelo H5N1, a estirpe mais mortal até agora conhecida da doença.
O Oseltamivir é o anti-viral tido como o mais eficaz contra uma pandemia de gripe com origem na gripe das aves (H5N1) e do qual Portugal dispõe de 2,5 milhões de doses individuais.
Neste documento mais recente não foram, contudo, levadas em conta outras medidas de saúde pública, apesar dos autores dos cenários reconhecerem que estas «terão um efeito principal, embora não exclusivo, na diminuição da incidência da doença e, portanto, nas taxas de ataque».
Os autores dos novos cenários basearam o seu cálculo em três taxas de ataque (30, 35 e 40% da população), admitindo que a pandemia evoluiria em duas ondas.
Os peritos consideram provável que, com uma taxa de ataque de 30%, existiriam 3.106.835 casos de gripe, 3.624.641 numa taxa de ataque de 35% e 4.142.447 perante a mais severa taxa de ataque (40%).
A nível das consultas, os cenários agora conhecidos apontam para um número maior do que os traçados em 2005.
Para uma onda com taxa de ataque de 30% (a mais baixa), o número total de consultas estimado é de 3.831.763, ou seja, mais do que o dobro do calculado em 2005 (1.649.732).
Também o número total de hospitalizações, em enfermaria gerais, sofreu um aumento apreciável nos cenários actuais, o que se deve ao aumento das taxas de internamento.
Ainda com uma taxa de ataque de 30% como exemplo, os peritos concluíram que o número «mais provável» de hospitalizações, sem intervenção (sem Oseltamivir), subiu cerca de duas vezes: de 39.913 em 2005 para 85.284 em 2006 (quando a actualização dos cenários foi concluída).
Os especialistas consideram provável que o número médio de dias de internamento dos doentes que não necessitam de cuidados intensivos ou ventilação assistida seja de oito dias.
Desta forma, no cenário sem intervenção (sem Oseltamivir), o número «mais provável» de camas ocupadas na semana com maior ocupação seria de 10.692 na primeira onda.
Na segunda onda, mais grave e com uma taxa de ataque de 30%, este número seria de 32.078 camas, na semana com maior ocupação.
Os perigos reconhecem que o número de óbitos que ocorrer durante uma pandemia dependerá fortemente da forma como os cuidados de saúde - em ambulatório e hospitalares - forem planeados e executados.
Nestes cenários, com uma taxa de ataque máxima (40%) superior à dos traçados em 2005, é maior o número de óbitos apurado.
Para a taxa de ataque total mais baixa (30%), e num cenário sem intervenção, o número «mais provável» de óbitos seria 24.038, valor bastante superior ao indicado nos cenários de 2005 (9.571 óbitos).
No cenário mais severo (40%) o número «mais provável» poderia atingir o valor de 32.051 óbitos, enquanto uma taxa de ataque de 35% poderia resultar em 28.044 óbitos.
Estes números descem substancialmente quando é equacionada a administração do Oseltamivir.
Para estes cenários, foram levados em conta três níveis de efectividade deste medicamento, uma vez que «há grande incerteza na avaliação da sua efectividade».
Se o anti-viral garantir uma redução de 10% no número de mortos, os óbitos mais prováveis com uma taxa de ataque de 30% serão 22.224 e 20.411 se essa redução for de 20% e 18.597 com uma diminuição de 30% dos óbitos.
Perante uma taxa de ataque de 35%, os óbitos esperados com uma eficácia de 10% do Oseltamivir na redução da mortalidade são 26.219, 2 4.393 com uma eficácia de 20% e 22.568 com uma diminuição de 30% do número de mortos graças ao anti-viral.
Na taxa de ataque mais severa (40%), e se o Oseltamivir assegurar uma diminuição de 10% da mortalidade, são prováveis 30.217 óbitos, 28.384 com uma diminuição de 20% e 26.551 se o medicamento reduzir os mortos em 30%.
O estudo vai ser publicado em breve na revista científica Peer Review, o que lhe dará validade científica.


Diário Digital / Lusa
07-02-2007 11:31:01


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