quinta-feira, fevereiro 15, 2007

 
Londres: Jovem angolano condenado por mortes «arrepiantes»

Um jovem angolano, imigrante em Londres, foi condenado esta quata-feira pela justiça britânica a 30 anos de prisão, por duas mortes que o juiz considerou «arrepiantes» ao proferir a sentença.

Roberto Malasi, 18 anos, natural de Angola, assassinou duas mulheres, de 33 e 18 anos, no espaço de 15 dias.
A primeira, Zainab Kalokoh, mãe de dois filhos, foi morta em Agosto de 2005 durante a cerimónia de baptizado da sua sobrinha, no Sul de Londres.
Malasi e três amigos, que também foram hoje condenados, entraram na festa com uma máscara que lhes tapava o rosto, tendo o angolano disparado imediatamente um tiro à cabeça da mulher, que na altura segurava um bebé de seis meses ao colo.
Depois disto e aproveitando o pânico que se espalhou entre os convidados, os jovens assaltaram dezenas de pessoas, a maior parte das quais imigrantes da Serra Leoa que na altura não conseguiram identificar o assassino nem os seus cúmplices.
Quinze dias depois, muito perto do local onde se verificou o primeiro crime, Roberto Malasi voltou a atacar, sendo que desta vez a vítima foi Ruth Okechukwu, uma jovem estudante de 18 anos.
De acordo com a sentença lida hoje à tarde no Tribunal Criminal de Londres, o angolano terá considerado que Okechukwu «lhe faltou ao respeito» e por isso «arrastou-a para fora do carro e apunhalou-a várias vezes no coração até morrer».
Todas as televisões e rádios britânicas abriram esta tarde os noticiários com a notícia da sentença, em que são utilizados adjectivos como «macabro», «bárbaro» e «sanguinário».
O juiz do caso, Justice Gross, disse que os crimes do angolano foram «arrepiantes» e que seria «uma afronta à justiça que as penas não reflectissem a natureza dos crimes».
Roberto Malasi admitiu a autoria dos crimes e foi condenado a duas penas de prisão perpétua, que na prática se traduzirão em pelo menos 30 anos de prisão.
Os jovens que o acompanharam durante o primeiro crime - Diamond e Timy Babamuboni, de 17 e 15 anos, e Jude Odigie, de 16, todos naturais da Nigéria - foram considerados culpados de homicídio involuntário e assalto à mão armada, tendo sido condenados a oito anos num centro de detenção, por serem menores.
O juiz também recomendou ao Ministério da Administração Interna britânico que avalie a eventual deportação de todos os jovens logo que tenham cumprido as respectivas penas.
Os pais de Ruth Okechukwu foram os únicos a prestar declarações no final do julgamento, tendo, curiosamente, assumido versões muito diferentes sobre o desfecho do caso.
A mãe, Pauline, que não conteve as suas emoções frente aos jornalistas, disse que Roberto «não vê os outros seres humanos como seres humanos», enquanto o pai, um pastor da Igreja Anglicana, disse perdoar o assassino «por sentir pena pela forma como o filho cresceu».
O percurso de vida de Roberto Malasi, conforme foi explicado no tribunal pelo seu advogado de defesa, foi de facto «um conjunto de misérias e privações».
Malasi nasceu em Angola e foi levado para Londres pelo pai, que lhe infligiu «maus-tratos e brutalidade toda a sua vida».
O jovem foi depois levado para o Congo, em plena guerra civil, onde terá sido abandonado pelo pai e testemunhou «cenas de pessoas a serem enforcadas, executadas e queimadas vivas».
Mais tarde, regressou a Londres na companhia do pai, que voltou a abandoná-lo, deixando Roberto a viver pelas ruas da capital inglesa, sem casa nem educação desde os 15 anos.

Diário Digital / Lusa
14-02-2007 19:14:01

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