sábado, março 03, 2007
Espanha:Grupo ligada aparições nega acusações sequestro fiéis
Responsáveis de uma associação criada em torno de alegadas aparições de nossa Senhora nos arredores da localidade de El Escorial, arredores de Madrid, negaram hoje acusações de sequestro de fiéis, afirmando que todas as suas acções respeitam a legalidade.
Os vários responsáveis da organização e fiéis ligados ao movimento ouvidos hoje pela Lusa classificam de «mentiras» e de «insultos» as acusações cada vez mais fortes da Associação de Vítimas das Supostas Aparições do Escorial.
Uma entidade que acusa Luz Amparo Cuevas - a vidente que criou o movimento e que alegadamente viu Nossa Senhora, há 25 anos, no Escorial, a cerca de 50 quilómetros sudoeste de Madrid - de coordenar o que dizem ser «uma seita».
O movimento é acusado de sequestrar pessoas, de captar bens de alguns fiéis, de actuar como uma ordem religiosa quando ainda não foi reconhecida como tal pela Igreja e de manter uma complexa rede de estruturas que abrange lares, imobiliárias e um património alargado.
Julian Anuello, um dos responsáveis do movimento, rejeitou em declarações à Lusa todas as acusações afirmando que se alguém tem queixas que as deve levar à polícia e aos tribunais, que as associações tem fins benéficos e que as contas são prestadas às autoridades espanholas.
Ele próprio diz que se decidiu juntar com a família «à comunidade de famílias» do movimento, um grupo de cerca de 100 pessoas que, «voluntariamente», garante, entregaram todos os seus bens à Fundação criada em torno das aparições e «vivem hoje em comunidade».
Questionado sobre o património do movimento, Anuello admite «não fazer ideia» como não sabe ainda se quem está a trabalhar na comunidade fazem descontos para a Segurança Social.
O movimento, hoje, funciona assente em duas entidades, a Associação Pública de Fiéis Reparadores (reconhecida pela Igreja como uma associação de fiéis) e a Fundação Benéfica Virgem das Dores (registada no Ministério do Trabalho e Assuntos Sociais).
Anuello, vice-presidente da associação garante que tudo está legalizado e rejeita todas as acusações que foram levantadas ao movimento, afirmando que quem está ali «está por ser crente».
Segundo explicou, o movimento divide-se hoje em três braços:
um religioso, um de famílias e um vocacional.
No campo religioso, a organização conta com 80 «reparadoras», que não são oficialmente freiras - já que não há um reconhecimento de uma ordem religiosa -, das quais 13 são portugueses.
A comunidade de famílias inclui cerca de 100 pessoas, de entre 45 e 50 famílias - das quais pelo menos três são portuguesas - enquanto o vocacional, mais recente, tem oito seminaristas, dos quais três portugueses.
«Somos uma comunidade que vive como os primeiros cristãos», explica.
Entre estes seminaristas está Fernando Magina, que rejeita acusações feitas ao movimento afirmando que ele próprio entrou «sem dinheiro nenhum» na associação e apenas por ter «sentido vocação».
«Reajo com estupefacção (perante as críticas). Entre com nada e não me pediram nada», disse à Lusa.
Dado o crescente interesse das aparições em Portugal nasceu já o braço português da Associação Virgem das Dores do Prado Novo do Escorial, estrutura responsável, entre outros aspectos, por organizar as viagens de peregrinação a Espanha.
Questionado pela Lusa, um dos seus responsáveis, Manuel Nogueira, é vago nas respostas e explicações, frisando que o assunto «é complexo» e que «não pode ser tratado em cinco minutos», criticando no entanto as acusações de que o movimento tem sido alvo.
«As obras de Deus também são perseguidas desde que a Igreja foi fundada», afirma. Por muito que digam, a obra sobreviverá«, garante.
Um dos casos denunciados pela Associação de Vítimas foi o de uma jovem portuguesa, Filipa de 19 anos, que segundo a entidade esteve «sequestrada» durante vários dias pela congregação - já foram feitas denúncias junto das autoridades judiciais de Portugal e de Espanha - e que só conseguiu sair mediante a intervenção dos tios, que vieram propositadamente de Portugal.
Quer Magina quer Anuello negam qualquer problema, afirmando que Filipa escolheu «livremente» entrar na Associação e que saiu também livremente.
Anuello apresenta mesmo a cópia de um documento policial de uma declaração feita pela jovem, Carla Filipa Almeida Jerónimo, a agentes do Corpo Nacional de Polícia em Julho de 2005, em que esta garante estar no movimento de livre vontade.
Filipa foi entrevistada numa das residências de idosos da fundação, a de Nossa Senhora da Luz em Torralba del Moral, afirmando não ter sido obrigado a entrar para o local e «manifestado que é completamente livre para abandonar a instalação no momento em que ela deseje».
Questionado sobre casos idênticos denunciados, Anuello garante que todas as «reparadoras» podem entrar e sair «se tiverem coisas a fazer no exterior», que nenhuma está obrigada a ficar no local e que podem falar com as famílias «uma vez por mês».
«Temos regras e quem quer entrar tem que obedecer essas regras. Mas se quiser sair pode fazê-lo livremente», afirmou.
Perante a polémica e à semelhança do que acontece no primeiro sábado de cada mês, centena de pessoas, incluindo dezenas que viajaram propositadamente de Portugal em quatro autocarros, concentraram-se hoje no local das aparições para rezar e ouvir preces e mensagens religiosas.
Normalmente é transmitida uma gravação com uma mensagem da vidente, hoje com 74 anos e que há vários anos não aparece no local nos dias de maior afluência de peregrinos.
Os fiéis concentraram-se primeiro num complexo onde está instalada uma espécie de capela, ao lado da qual está uma grande loja de bens religiosos de todo o tipo.
Lá dentro, e ao lado da imagem de Nossa Senhora um ecrã gigante vai transmitido mensagens em vídeo de membros do movimento, incluindo de José Luis Bueno, irmão do presidente da Associação de Vítimas, que hoje voltou a concentrar-se no exterior do complexo, com um grupo reduzido de pessoas e cartazes a denunciar «a seita do Escorial».
O grupo foi regularmente insultado por muitos dos fiéis que passaram, mantendo-se no local até ao final da procissão e procurando, regularmente, falar com quem passava.
Ao lado do grupo está Mateu Mairata, membro de um partido político das Ilhas Baleares - que pede não seja identificado - e que acusa ainda os membros do movimento de serem »apoio logístico« a recentes manifestações do Partido Popular (PP) e da Associação de Vítimas do Terrorismo (AVT) em Madrid.
Mairata diz que várias forças políticas estão a recolher um dossier detalhado sobre a associação para apresentar posteriormente no parlamento.
A própria associação reconhece, numa das suas páginas na Internet, que num recente encontro no El Escorial, houve menos participação devido «à manifestação contra o terrorismo em Madrid».
Diário Digital / Lusa
03-03-2007 19:22:00
Responsáveis de uma associação criada em torno de alegadas aparições de nossa Senhora nos arredores da localidade de El Escorial, arredores de Madrid, negaram hoje acusações de sequestro de fiéis, afirmando que todas as suas acções respeitam a legalidade.
Os vários responsáveis da organização e fiéis ligados ao movimento ouvidos hoje pela Lusa classificam de «mentiras» e de «insultos» as acusações cada vez mais fortes da Associação de Vítimas das Supostas Aparições do Escorial.
Uma entidade que acusa Luz Amparo Cuevas - a vidente que criou o movimento e que alegadamente viu Nossa Senhora, há 25 anos, no Escorial, a cerca de 50 quilómetros sudoeste de Madrid - de coordenar o que dizem ser «uma seita».
O movimento é acusado de sequestrar pessoas, de captar bens de alguns fiéis, de actuar como uma ordem religiosa quando ainda não foi reconhecida como tal pela Igreja e de manter uma complexa rede de estruturas que abrange lares, imobiliárias e um património alargado.
Julian Anuello, um dos responsáveis do movimento, rejeitou em declarações à Lusa todas as acusações afirmando que se alguém tem queixas que as deve levar à polícia e aos tribunais, que as associações tem fins benéficos e que as contas são prestadas às autoridades espanholas.
Ele próprio diz que se decidiu juntar com a família «à comunidade de famílias» do movimento, um grupo de cerca de 100 pessoas que, «voluntariamente», garante, entregaram todos os seus bens à Fundação criada em torno das aparições e «vivem hoje em comunidade».
Questionado sobre o património do movimento, Anuello admite «não fazer ideia» como não sabe ainda se quem está a trabalhar na comunidade fazem descontos para a Segurança Social.
O movimento, hoje, funciona assente em duas entidades, a Associação Pública de Fiéis Reparadores (reconhecida pela Igreja como uma associação de fiéis) e a Fundação Benéfica Virgem das Dores (registada no Ministério do Trabalho e Assuntos Sociais).
Anuello, vice-presidente da associação garante que tudo está legalizado e rejeita todas as acusações que foram levantadas ao movimento, afirmando que quem está ali «está por ser crente».
Segundo explicou, o movimento divide-se hoje em três braços:
um religioso, um de famílias e um vocacional.
No campo religioso, a organização conta com 80 «reparadoras», que não são oficialmente freiras - já que não há um reconhecimento de uma ordem religiosa -, das quais 13 são portugueses.
A comunidade de famílias inclui cerca de 100 pessoas, de entre 45 e 50 famílias - das quais pelo menos três são portuguesas - enquanto o vocacional, mais recente, tem oito seminaristas, dos quais três portugueses.
«Somos uma comunidade que vive como os primeiros cristãos», explica.
Entre estes seminaristas está Fernando Magina, que rejeita acusações feitas ao movimento afirmando que ele próprio entrou «sem dinheiro nenhum» na associação e apenas por ter «sentido vocação».
«Reajo com estupefacção (perante as críticas). Entre com nada e não me pediram nada», disse à Lusa.
Dado o crescente interesse das aparições em Portugal nasceu já o braço português da Associação Virgem das Dores do Prado Novo do Escorial, estrutura responsável, entre outros aspectos, por organizar as viagens de peregrinação a Espanha.
Questionado pela Lusa, um dos seus responsáveis, Manuel Nogueira, é vago nas respostas e explicações, frisando que o assunto «é complexo» e que «não pode ser tratado em cinco minutos», criticando no entanto as acusações de que o movimento tem sido alvo.
«As obras de Deus também são perseguidas desde que a Igreja foi fundada», afirma. Por muito que digam, a obra sobreviverá«, garante.
Um dos casos denunciados pela Associação de Vítimas foi o de uma jovem portuguesa, Filipa de 19 anos, que segundo a entidade esteve «sequestrada» durante vários dias pela congregação - já foram feitas denúncias junto das autoridades judiciais de Portugal e de Espanha - e que só conseguiu sair mediante a intervenção dos tios, que vieram propositadamente de Portugal.
Quer Magina quer Anuello negam qualquer problema, afirmando que Filipa escolheu «livremente» entrar na Associação e que saiu também livremente.
Anuello apresenta mesmo a cópia de um documento policial de uma declaração feita pela jovem, Carla Filipa Almeida Jerónimo, a agentes do Corpo Nacional de Polícia em Julho de 2005, em que esta garante estar no movimento de livre vontade.
Filipa foi entrevistada numa das residências de idosos da fundação, a de Nossa Senhora da Luz em Torralba del Moral, afirmando não ter sido obrigado a entrar para o local e «manifestado que é completamente livre para abandonar a instalação no momento em que ela deseje».
Questionado sobre casos idênticos denunciados, Anuello garante que todas as «reparadoras» podem entrar e sair «se tiverem coisas a fazer no exterior», que nenhuma está obrigada a ficar no local e que podem falar com as famílias «uma vez por mês».
«Temos regras e quem quer entrar tem que obedecer essas regras. Mas se quiser sair pode fazê-lo livremente», afirmou.
Perante a polémica e à semelhança do que acontece no primeiro sábado de cada mês, centena de pessoas, incluindo dezenas que viajaram propositadamente de Portugal em quatro autocarros, concentraram-se hoje no local das aparições para rezar e ouvir preces e mensagens religiosas.
Normalmente é transmitida uma gravação com uma mensagem da vidente, hoje com 74 anos e que há vários anos não aparece no local nos dias de maior afluência de peregrinos.
Os fiéis concentraram-se primeiro num complexo onde está instalada uma espécie de capela, ao lado da qual está uma grande loja de bens religiosos de todo o tipo.
Lá dentro, e ao lado da imagem de Nossa Senhora um ecrã gigante vai transmitido mensagens em vídeo de membros do movimento, incluindo de José Luis Bueno, irmão do presidente da Associação de Vítimas, que hoje voltou a concentrar-se no exterior do complexo, com um grupo reduzido de pessoas e cartazes a denunciar «a seita do Escorial».
O grupo foi regularmente insultado por muitos dos fiéis que passaram, mantendo-se no local até ao final da procissão e procurando, regularmente, falar com quem passava.
Ao lado do grupo está Mateu Mairata, membro de um partido político das Ilhas Baleares - que pede não seja identificado - e que acusa ainda os membros do movimento de serem »apoio logístico« a recentes manifestações do Partido Popular (PP) e da Associação de Vítimas do Terrorismo (AVT) em Madrid.
Mairata diz que várias forças políticas estão a recolher um dossier detalhado sobre a associação para apresentar posteriormente no parlamento.
A própria associação reconhece, numa das suas páginas na Internet, que num recente encontro no El Escorial, houve menos participação devido «à manifestação contra o terrorismo em Madrid».
Diário Digital / Lusa
03-03-2007 19:22:00