domingo, março 11, 2007

 
África Sul: Não-negros são cidadãos de «segunda», diz Klerk

O antigo presidente sul-africano, Frederik De Klerk, considerou, numa entrevista ao Sunday Telegraph, que os seus compatriotas não-negros sentem-se cidadãos de «segunda classe» e que a criminalidade na África do Sul está «fora de controlo».

«A aplicação da discriminação positiva deu lugar a que uma percentagem substancial não apenas de Afrikaners, mas também de todos os brancos, mestiços, assim como indianos, estejam actualmente reduzidos a uma espécie de cidadão de segunda classe», afirmou ao semanário britânico De Klerk, último presidente do regime do apartheid na África do Sul.
De Klerk, que contribuiu para desmantelar o apartheid, o que lhe valeu partilhar o prémio Nobel da paz de 1993 com Nelson Mandela, primeiro presidente negro da África do Sul democrática - eleito em 1994 -, considera que a criminalidade no país «já não é controlada».
Segundo o antigo presidente, uma parte do problema no tratamento da criminalidade deve-se às medidas tomadas no âmbito da discriminação positiva que conduziram à perda de pessoal experiente na polícia, na justiça e noutros serviços. «Nessa campanha de discriminação positiva, baseada na raça, o país perdeu essa experiência e essa competência», considerou, relembrando que a constituição aprovada após o fim do apartheid se baseou num «Estado não racial».
O actual presidente sul-africano, Thabo Mbeki, reconheceu em Fevereiro último, pela primeira vez, que a África do Sul vive «no medo», respondendo, no seu discurso anual sobre o estado da Nação, à cólera dos cidadãos que o acusam de não admitir a realidade.
A criminalidade na África do Sul traduz-se numa média de cinco dezenas de mortes por dia e mais de 500 mil roubos ou assaltos em 2006.

Diário Digital / Lusa
11-03-2007 10:05:46

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