domingo, março 11, 2007

 
Português acusa vietnamitas de genocídio em livro

As memórias de incidentes alegadamente vividos pelo autor no Vietname constituíram o ponto de partida para «The Tigers of Saigon» (Os Tigres de Saigão), livro que o investidor português Miguel Pereira lança a 15 de Março, no Hotel Tivoli Jardim, em Lisboa.

No livro, editado apenas em inglês e com chancela da Raider Publishing International, Miguel Pereira, de 47 anos, responsabiliza as autoridades militares vietnamitas pela prática de genocídio sobre minorias étnicas e religiosas (cristãs), privando-as de «escolarização e direitos civis e tratando-as com incrível crueldade».
«Há dados estatísticos que comprovam que a população residente nas montanhas desceu mais de 50% desde a tomada de Saigão», sublinha, acusando os militares de impedirem a legalização dos descendentes dos soldados do regime do Vietname do Sul e de pactuarem com o crime organizado, nomeadamente o roubo e a prostituição.
O autor afirmou que se deslocou ao Vietname duas vezes, em 1995 e 1996, enquanto «prospector de negócios em países comunistas», com vista a investimentos «na área do turismo e da manufactura de material desportivo, dado o reduzido preço da mão-de-obra naquele país».
«A primeira vez que estive no Vietname, no Norte, não vivi quaisquer restrições nem notei um clima de receio, senti-me numa democracia, em contraste com o ambiente no Sul», declarou, referindo-se à sua segunda deslocação ao país, na qual esteve «sozinho» em Ho Chi Minh (antiga Saigão).
Para Miguel Pereira, o facto de oferecer trabalho a cidadãos não legalizados e prometer usar a Internet, «então interdita à população vietnamita em geral», para unir famílias desmembradas terá sido o «móbil» para as perseguições e tentativas de assassinato de que afirma ter sido alvo durante a sua permanência na cidade.
«Creio que, no Vietname, na altura, se matava muito facilmente e não se sabia lidar com turistas de forma diplomática», declarou o investidor, que protagoniza o livro como o «Estrangeiro».
Miguel Pereira diz ter sido igualmente objecto de uma tentativa de sequestro por vietnamitas no Hotel Tivoli Jardim, «em Outubro de 1998», na sequência da divulgação de uma primeira versão do livro na Internet, em meados desse ano.
Questionado sobre se foram estas alegadas ameaças que o levaram a esperar uma década para publicar «The Tigers of Saigon», o autor declarou que não avançou para a edição antes por não se sentir «devidamente documentado para o fazer», tendo consultado informações na Internet para completar o livro, e por recear «represálias» sobre as pessoas que o terão ajudado no Vietname em 1996.
«The Tigers of Saigon», que o autor optou por publicar em inglês «para ter maior impacto», inclui diversos e-mails que Miguel Pereira assegura serem verídicos e provarem as «ameaças e tentativas de silenciamento» que o terão visado nos últimos anos. «Com o livro, o que estou a tentar transmitir aos dissidentes vietnamitas e aos seus simpatizantes é que a via judicial através de uma acção de genocídio interposta em Bruxelas é a única forma de pressionar as autoridades vietnamitas para que parem com o genocídio que está a decorrer», afirmou Miguel Pereira.
Apesar desta afirmação, o autor diz-se «propositadamente desinformado a cerca da situação actual do Vietname» e garante que não tenciona levar a cabo «qualquer outra investigação em relação às autoridades vietnamitas».

Diário Digital / Lusa
11-03-2007 11:15:00

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