quinta-feira, abril 26, 2007

 
Alemanha:Proibido grupo neonazi queria impôr «zona libertada»

O ministro do Interior da Saxónia, no leste da Alemanha, proibiu hoje o grupo de extrema-direita «Sturm 34» (Ataque 34), que «prosseguia objectivos incompatíveis com a Constituição», e pretendia criar uma «zona livre» de estrangeiros e democratas.

O ministro referiu que a proibição do grupo, recurso a que as autoridades policiais só costumam recorrer em casos extremos, «se tornou urgente e necessária».

Às primeiras horas de quinta-feira, a polícia fez rusgas aos apartamentos de 24 membros do grupo neofascista, apreendendo armas de fogo e material de propaganda nazi.

Na operação participaram cerca de 200 agentes, disse um porta- voz da polícia hoje em Dresden, a capital da Saxónia.

Segundo o ministério do Interior da Saxónia, o «Sturm 24» queria criar uma «zona libertada» em Mittweida, perto de Dresden, e dispunha-se a atacar estrangeiros e quaisquer democratas que contrariassem os seus intentos.

O grupo era formado por um núcleo duro de 25 pessoas, um círculo mais restrito com cerca de 50 militantes e tinha ainda cerca de 100 simpatizantes, informaram as autoridades locais.

A maioria destas pessoas tem entre 14 e 47 anos de idade, e mais de 50 delas são mulheres, mas já se torna mais difícil determinar a sua origem social, que vai de desempregados a estudantes, adiantaram ainda as mesmas fontes.

Um dos dirigentes do «Sturm 34» já tinha sido detido na semana passada, depois de ter ameaçado um africano num parque de estacionamento de Mittwerda.

O nome do grupo tem origem numa brigada homónima das SA, as milícias nazis que se destacaram pelas suas acções violentas antes da subida de Hitler ao poder em 1933, que se tornou temida na região de Chemnitz, outra cidade leste-alemã na Saxónia.

O actual «Sturm 34» já estava referenciado desde 2005, ano em que começou a cometer delitos racistas e xenófobos, mas só seria oficialmente criado em Março de 2006.

Desde então, as autoridades da Saxónia abriram um inquérito judicial contra o grupo, por suspeita de formação de uma organização criminosa.

No ano passado, já tinha havido rusgas policiais a apartamentos e escritórios dos mesmos militantes neonazis, o que deu origem a vários processos-crime por ofensas corporais, ameaças, roubo, incitação ao ódio racial, posse ilegal de armas de fogo e outros delitos.

Os Serviços de Defesa da Constituição da saxónia detectaram também paralelismos entre o «Sturm 34» e outra organização neofascista proibida em Abril de 2001, os «Skinheads Sõchsische Schweiz» (Skinheads da Suiça Saxónica, SSS), no que respeita à estrutura hierárquica e às pessoas que integravam os dois grupos.

Na altura, os SSS, com cerca de 100 militantes e 200 simpatizantes, era a formação extremista mais numerosa da região.

Os serviços secretos alemães calculam que o número de grupos não oficiais de neonazis existentes na Saxónia, as chamadas «Kameradschaften» (Camaradagens) se situe entre os 40 e os 50.

Segundo as autoridades, há indícios de que o Partido Nacional- Democrático da Alemanha (NPD), a principal formação neonazi do país, esteja a tentar infiltrar-se e a ganhar influência nestas «Camaradagens», coadjuvado pela sua organização juvenil.

A Saxónia tornou-se uma praça-forte do NPD, que obteve nas últimas eleições regionais, em Setembro de 2004, um grande sucesso, ao recolher 9,2 por cento dos votos e eleger 12 deputados ao Parlamento de Dresden, o primeiro hemiciclo regional em que passou a ter representantes, desde 1968.

O NPD foi convidado pelo Partido Nacional Renovador (PRN) português para uma conferência internacional da extrema-direita, em Lisboa, no sábado passado, que não chegou a realizar-se, depois de a polícia ter feito várias rusgas a casas de militantes da extrema- direita portuguesa, e dezenas de detenções.

Diário Digital / Lusa

26-04-2007 20:52:00


Comments: Enviar um comentário

<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?