segunda-feira, abril 09, 2007

 
Apito Dourado:Ferreira Torres diz sabe muito, mas não conta

Avelino Ferreira Torres garante que «ninguém» sabe mais do que ele sobre o Apito Dourado e os meandros do futebol, mas manifesta-se indisponível para depor voluntariamente perante a equipa liderada pela magistrada Maria José Morgado.

O ex-presidente do FC Marco e antigo dirigente da arbitragem foi desafiado a depor perante a Equipa de Coordenação do Processo Apito Dourado (ECPAD) durante uma entrevista televisiva, gravada quinta-feira e a emitir hoje à noite na estação regional Porto Canal.
O que motivou o repto dos entrevistadores foi a afirmação do também vereador independente em Amarante e antigo presidente da Câmara de Marco de Canaveses de que «ninguém» - «nem Pinto da Costa, nem Valentim Loureiro» - sabe mais «do Apito Dourado do futebol» do que ele próprio.
Ferreira Torres manteve a escusa de depor perante a ECPAD, mesmo depois de os entrevistadores considerarem que essa disponibilidade se traduziria num «serviço ao país».
Ainda assim, Ferreira Torres, afirmou, em alusão ao rumo das investigações do Apito Dourado, que «às vezes põe-se o ramo de loureiro num lado e o vinho está a ser vendido noutro».
«Vejo muitas vezes os árbitros serem acusados de fazerem isto e aqueloutro, porque estarão tocados(aliciados), quando, em 90% das vezes, nem sequer foram contactados», declarou.
Ferreira Torres explicou, na entrevista, que muitas vezes os clubes são contactados por «pseudo-emissários» dos árbitros, que em rigor nem os conhecem, nem nada fazem para os influenciar. O que fazem mesmo, «se a coisa correu bem», é cobrar a quantia que eventualmente tenha sido acordada, garantiu.
«Sei o que estou a dizer», asseverou Ferreira Torres, admitindo que, enquanto dirigente do FC Marco, chegou a ser contactado por pessoas que se diziam emissárias dos árbitros. Mas - frisou - «nunca dei dinheiro».
Para Avelino Ferreira Torres, «o ramo de loureiro está num lado e o vinho noutro» também no que respeita aos conselhos de arbitragem.
«Quem sobe ou desce árbitros não é o Conselho de Arbitragem nem é o Pinto de Sousa [antigo presidente do Conselho da Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol]. São os observadores. Mas ninguém tocou aí», lamentou.
Noutro ponto da entrevista, o ex-autarca de Marco de Canaveses insurgiu-se contra a associação do favor pessoal a uma conduta criminosa.
«Hoje tudo é tráfico de influências. Ora, não há ninguém que não faça um favor a alguém», enfatizou, admitindo que ele próprio o faz. «Mas por dinheiro, não. Que venha o primeiro que diga que me pagou 10 tostões!», advertiu.
Durante a entrevista, Ferreira Torres disse não ter razões de queixa da justiça, contrariando afirmações que lhe foram atribuídas no Verão de 2005.
«Quando disse que era perseguido, queria dizer que andava a ser perseguido pela comunicação social», disse o Ferreira Torres, que está a ser investigado em vários processos e aguarda recurso de uma condenação por uso de meios autárquicos para fins particulares.
Assumindo que mantém a militância no CDS, que em tempos declarou como partido de «copos de leite», Ferreira Torres contestou «essa porcaria das directas» para eleger o futuro líder do partido, manifestando preferência por uma escolha em congresso.
Se prefere Paulo Portas ou Ribeiro e Castro, não o adiantou, porque, conforme argumentou, «tudo vai depender da roupa suja que se vai lavar» até à hora da decisão.
O que ele garantiu é que se tivesse enfrentado um grupo parlamentar adverso, como aconteceu com Ribeiro e Castro, teria optado pela demissão.
Também gostaria que Manuel Monteiro extinguisse a Nova Democracia, regressando ao CDS, e manifestou satisfação pela saída de Maria José Nogueira Pinto do partido, que rotulou de «quezilenta», «piegas» e «picuinhas».
Ferreira Torres, que nas últimas autárquicas foi eleito vereador independente na Câmara de Amarante, disse que não se arrependeu da opção de abandonar o Marco de Canaveses e se candidatar à presidência da Câmara de Amarante.
Mas afiançou que se tivesse sido recandidato em Marco de Canaveses - onde foi presidente da Câmara 23 anos, eleito pelo CDS - seria também como independente e teria obtido a sua «maior vitória de sempre».
Sem explicar o seu futuro político, criticou os actuais presidentes das câmaras de Amarante (Armindo Abreu, PS) e de Marco de Canaveses (Manuel Moreira, PSD).
Na autarquia de Amarante, afirmou, há «perseguição» a quem não concorda com a maioria socialista.
Referindo-se a Marco de Canaveses, disse que o actual presidente social-democrata da câmara merecia uma queixa na Deco - Associação de Defesa do Consumidor, por anunciar, num placar, que a Câmara Municipal está agora «mais perto do cidadão».
Isto porque, segundo Avelino, «para falar com alguém (responsável da autarqui) parece que é preciso meter requerimento».
Ao tempo em que geria a autarquia, «os munícipes iam directamente ao gabinete dos vereadores e do presidente da câmara. Não tinham ninguém que os impedisse», sublinhou.

Diário Digital / Lusa

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