terça-feira, maio 22, 2007
Huang Xiaoling, nome fictício que o jornal deu à adolescente de 16 anos, filha adoptiva de um casal pobre da cidade de Shenyang, não comia há mais de um dia e na sexta-feira, numa padaria da cidade, meteu um pão no bolso por não ter dinheiro para pagar o preço.
Segundo o jornal, o padeiro notou o roubo e recriminou a jovem em público durante uma hora perante os clientes, de nada valendo as desculpas apresentadas pela adolescente nem a intenção de um dos clientes de pagar o valor em falta.
O proprietário da padaria informou a escola de Huang, originando uma segunda humilhação por parte da professora, um acto muito frequente no sistema de ensino chinês em que se avalia a atitude e os resultados dos alunos, mesmo fora da escola.
No regresso a casa, Huang fechou-se no quarto e começou a escrever uma nota de suicídio, com os familiares a pensar que estivesse ocupada com trabalhos de casa, contou ao Shenyang Evening News uma familiar da adolescente.
«Sinceramente não queria roubar o que não me pertencia. Sei que cometi um erro, mas naquele momento tinha fome e não resisti à tentação do pão», escreveu Huang.
«Fiz o que não devia fazer. Sinto vergonha dos meus professores e companheiros e não tenho honra suficiente para olhá-los na cara. Espero que me possam perdoar», conclui a nota de suicídio.
Não é conhecida a forma como se suicidou a jovem - a família é tão pobre que não pode pagar a autópsia - mas tudo indica que terá tomado veneno ou fármacos.
Segundo números oficiais, a China regista mais de 280 mil casos de suicídio por ano, quase 30% dos ocorridos em todo o mundo e 28 vezes mais do que nos Estados Unidos.
Diário Digital / Lusa
22-05-2007 9:49:42