terça-feira, maio 01, 2007
José Calhelha, de 47 anos, que foi denunciado por dois empregantes portugueses, deve dar entrada na prisão no dia 6 de Julho e terá ainda de pagar uma multa de um milhão de dólares.
Tendo imigrado para os Estados Unidos com 13 anos de idade, José Calhelha tornou-se um homem bem-sucedido no sector dos restaurantes ligeiros, sendo proprietário, até 2005, de 10 Dunkin' Donuts, estabelecimentos voltados para venda de vários tipos de café, chocolate, e bolos. Em 2005 vendeu a rede de Dunkin' Donuts por 11 milhões de dólares, segundo relatos da imprensa local.
Segundo a acusação, o arguido exploraria os trabalhadores ilegais portugueses obrigando-os a trabalhar mais de 80 horas por semana sem pagamento de horas extraordinárias.
José Calhelha, segundo a acusação, colocou anúncios em jornais em Portugal pedindo trabalhadores entre os 15 e os 35 anos para supervisores das suas lojas de donuts.
Calhelha terá mesmo pago a viagem a alguns e reembolsado outros, prometendo-lhes altos salários e a cidadania americana.
O sonho acabou por se tornar um inferno para os portugueses, pelo menos 10, segundo a acusação, que não só eram obrigados a trabalhar muitas horas semanais nas pastelarias, como ainda em casa do arguido, que não lhes pagava o prometido A sua filha Diana, de 23 anos, que admitiu ter dado trabalho a ilegais, foi condenada a um mês de prisão domiciliária e a 250 horas de serviço comunitário.
O advogado de defesa William Dow III considerou os seus clientes apenas vítimas do actual debate sobre imigração que divide a sociedade americana, adiantando que em casos semelhantes as penas foram muito mais ligeiras. A defesa negou também que os arguidos maltratassem os empregados ou que estivessem envolvidos numa operação sistemática de trazer ilegais para os Estados Unidos e para os defraudar.
Rebatendo acusações, a defesa admitiu que Calhelha pagava 250 dólares por semana aos gerentes dos restaurantes, mas dava-lhes hospedagem e alimentação, telemóveis e roupa sem custos adicionais.
Estima-se que haja 12 milhões de estrangeiros ilegais nos Estados Unidos, boa parte dos quais a trabalhar nos sectores da economia de baixos salários, como os restaurantes de refeições rápidas.
Admitir ilegais nas empresas tem sido tradicionalmente punido com multas que poderiam chegar a 10.000 dólares por uma terceira violação da lei, mas desde 2005, no âmbito de leis de combate ao terrorismo, o departamento Immigration and Customs Enforcement (ICE), tem vindo a formular acusações mais graves e a pedir penas mais severas contra as empresas com prática prolongada de admissão de ilegais.
Há milhões de estrangeiros a aguardar a admissão legal nos Estados Unidos, mas os serviços de imigração mantêm há anos enormes atrasos nestes processos, que chegam a ser superiores a 10 anos, como é o caso de um cidadão americano que queira «chamar» um irmão.
Diário Digital / Lusa
01-05-2007 11:00:00