sexta-feira, maio 18, 2007

 
Iraque: Paulo Casaca denuncia apoio de Teerão à Al-Qaeda

O eurodeputado português Paulo Casaca (PS) denunciou hoje em Lisboa o apoio de Teerão à ala da rede terrorista Al-Qaeda no Iraque, com o principal objectivo de hostilizar os Estados Unidos.

Paulo Casaca, promotor da Plataforma de Diálogo «Iraque com um Futuro», falava numa conferência dedicada ao combate do terrorismo naquele país, realizada em Lisboa.

Esteve acompanhado pelo médico iraquiano naturalizado britânico Abdullah Rasheed Aljubori (sunita), presidente da Frente Nacional para a Salvação de Diyala (província de Bagdad), de que foi eleito governador após a queda de Saddam Hussein.

Esta frente aglutina numerosas coligações e partidos, que vêm tentando salvar o país do caos, terror e destruição.

«O caos no Iraque foi iniciado pela Al-Qaeda, com apoio do regime iraniano, para minar a presença norte-americana neste país e na região» do Médio Oriente, declarou Paulo Casaca, lembrando que Teerão visa recuperar a hegemonia do antigo Império Persa.

O eurodeputado português precisou que «a ideia de um Estado islâmico é uma criação do regime dos ayatollahs em resultado do saneamento de dois milhões de iraquianos» pelas forças de ocupação norte-americanas.

Aljubori garantiu, no entanto, que o objectivo não é dividir o Iraque e insistiu: «O país manterá a sua unidade territorial - com os curdos a norte, sunitas no centro e xiitas (maioria) no sul -, no interesse dos países da região em primeiro lugar, e da comunidade internacional em geral, principalmente dos Estados Unidos».

O médico não escondeu que «qualquer cisão territorial - em especial do Curdistão iraquiano, causa de grande apreensão das poderosas forças armadas turcas por causa das bases de retaguarda dos separatistas do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) - teria consequências imprevisíveis».

A comunidade curda está presentemente dividida pela Turquia, Iraque, Síria e Irão.

Aljubori afirmou o seu empenhamento num «governo local não sectário, capaz de assegurar a paz e estabilidade» no país, mas não deixou de criticar o facto de muitos deputados, por razões de segurança, viverem nas vizinhas Jordânia e Síria.

«O governo iraquiano tem de estar no seu posto porque, caso contrário é o fim do plano de segurança norte-americano», explicou.

O presidente da Frente Nacional para a Salvação de Diyala rotulou de «criminoso» o que está a acontecer no seu país e lamentou que as forças norte-americanas em presença «não conheçam bem o terreno, nem falem a língua, estando portanto às cegas para controlar a situação».

«Querem é ter o governo na mão», realçou, anuindo que, no imediato, «a comunidade xiita sai fortalecida no sul».

Relativamente à construção de muros de segurança para alegadamente prevenir ataques recíprocos das comunidades sunita e xiita em Bagdad, o médico iraquiano indicou que «servirão antes de corredores para manter a passagem dos norte-americanos controlada», tal como faz Israel nos territórios palestinianos.

Face a um ataque norte-americano ao Irão, Aljubori não excluiu a possibilidade, «mas não para já, porque não há capacidade para actuar simultaneamente em tantas frentes», disse, numa alusão, além do Iraque, ao Afeganistão.

«Esta questão poderá ser colocada dentro de uma década», ironizou.

Paulo Casaca, fazendo uma retrospectiva, não quis deixar passar em claro a «dimensão da mentira» norte-americana sobre as Armas de destruição em Massa (ADM) do Iraque - que afinal não existiam - para justificar a invasão.

Fazendo finca-pé na «pesquisa da verdade», acrescentou que a organização norte-americana Human Rights Watch (HRW) teve uma «actuação criminosa» - em presumível ligação aos serviços secretos iranianos - quando forneceu informações a Washington sobre as ADM, conducente ao bombardeamento de cinco bases iraquianas, com um saldo de pelo menos meia centena de mortos.

A concluir, o eurodeputado português frisou que «o regime de Saddam Hussein estava completamente esgotado e quem mandava era o odioso clã de Tikrit - cidade natal do ditador, a norte da capital -, sob comando do seu filho mais velho Hudai», morto juntamente com o irmão Qusai pelos norte-americanos logo após a invasão do Iraque.

Diário Digital / Lusa

18-05-2007 20:22:23




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