segunda-feira, maio 21, 2007

 
Kusturica compete pela última vez no festival de Cannes

O realizador sérvio Emir Kusturica anunciou hoje que deixará de competir pela Palma de Ouro do Festival de Cannes, que já recebeu duas vezes, para dar lugar a cineastas jovens.

«Já tenho a sensação de que ocupo um lugar que poderia corresponder a alguém mais jovem. Cinco participações (na parte competitiva) já são suficientes», declarou Kusturica à agência de notícias sérvia Tanjug, antes de partir para França, onde vai participar no 60º Festival de Cannes.

Kusturica, natural de Sarajevo mas radicado há anos em Belgrado, explicou que até agora não quis desistir da competição em Cannes por ser representante de «uma cultura dita pequena, que deve dispor de grandes portas para ser vista e ouvida».

«Talvez já não devesse participar este ano, mas estarei lá, não só pelo meu filme, mas pela cultura de onde venho. O filme nota-se mais quando concorre», acentuou Kusturica, que apresentará em Cannes a película «Promise me This» («Zavet», em sérvio) no dia 26.

Kusturica recebeu a primeira Palma de Ouro em 1985, com «O Papá foi em viagem de negócios» e dez anos depois foi-lhe entregue o mesmo galardão com «Era uma vez um país».

Recebeu também o prémio de melhor realizador em 1988 com «O tempo dos ciganos».

«Gostava de ter surpresas este ano, filmes de autores jovens, como quando eu apareci, alguém novo que nos ganhe totalmente», afirmou Kusturica, elogiando o festival e o seu júri, que garantiu trabalhar com independência.

Ao comparar a competição em Cannes com a luta pelos Óscares, considerou serem cruciais para os norte-americanos os investimentos.

«Eles investem dinheiro no filme que supõem ter valor ideológico ou estético. Enviam o filme a todos os académicos e fazem dessa forma propaganda psicológica», assinalou.

«Em Cannes não há nada disso. O júri de Cannes pode cometer um erro, mas de forma autêntica», considerou.

Por outro lado, Kusturica criticou o liberalismo como «o pior mal do planeta».

«Na realidade, mata tudo o que seja nobre, que tenha valor extraordinário. Mede pelo mercado todos os problemas psicológicos, estéticos, históricos e morais», concluiu.

Diário Digital / Lusa

21-05-2007 13:34:27


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