terça-feira, junho 12, 2007

 
Apito Dourado: Pinto da Costa acusado formalmente

O presidente do Futebol Clube do Porto, Pinto da Costa, foi esta terça-feira acusado do crime de corrupção desportiva no âmbito das investigações do processo Apito Dourado ao jogo Porto-Estrela da Amadora em 2004, conhecido como «caso da fruta».

Fonte conhecedora do processo adiantou à agência Lusa que, para além de Pinto da Costa, a equipa liderada pela procuradora Maria José Morgado acusou também o empresário de futebol António Araújo e os árbitros Jacinto Paixão, José Chilrito e Manuel Quadrado do mesmo crime.

O caso envolve, ainda, o vice-presidente da colectividade, Reinaldo Teles, e um outro árbitro, Luís Lameiras, que terá assumido que foi ele quem sugeriu que se arranjasse companhia de prostitutas - a «fruta» - para os três colegas.

A fonte garantiu que o presidente do Futebol Clube do Porto se encontrava de férias no Algarve, tendo viajado hoje para o Porto para tomar conhecimento da acusação.

Uma outra fonte conhecedora do processo disse à Lusa que todos estes arguidos foram notificados da acusação em simultâneo e que este é apenas um dos inquéritos do chamado caso Apito Dourado.

A mesma fonte referiu que o processo Apito Dourado deverá estar concluído até ao final do mês, mas que poderá haver novos desenvolvimentos ainda esta semana.

A informação de que Pinto da Costa foi formalmente acusado do crime de corrupção desportiva foi avançada ao princípio da noite de hoje pela TVI.

Aquando da investigação do caso, Pinto da Costa havia afirmado que nunca forneceu prostitutas a árbitros, negando, assim, qualquer tentativa de corrupção do árbitro Jacinto Paixão, que apitou aquela partida da Liga de Futebol.

O processo foi reaberto pela equipa de Maria José Morgado, depois de ter sido arquivado por falta de provas, na sequência de declarações da ex-companheira de Pinto da Costa, Carolina Salgado, que terá confirmado as suspeitas de corrupção naquele jogo.

O tema era já referido, ainda que sem detalhes, no livro por ela publicado em 2006, intitulado «Eu, Carolina» e no qual relata os seis anos em que viveram maritalmente.

O presidente portista foi ouvido em Dezembro de 2004 no Tribunal de Gondomar, por aquela procuradora-geral adjunta e pelo magistrado Carlos Teixeira, sobre vários outras suspeitas de corrupção em jogos envolvendo o FC Porto.

Pinto da Costa foi confrontado com o teor das escutas telefónicas que manteve com o empresário António Araújo, no dia do jogo, depois de Jacinto Paixão ter telefonado a Araújo a pedir-lhe o serviço de prostitutas.

A PJ concluiu que Araújo telefonou de imediato para Pinto da Costa explicando que lhe haviam ligado a «pedir fruta», para um tal «JP», e tendo esclarecido que era para «dormir», dado que Pinto da Costa lhe retorquiu que já teria sido mandada.

O Ministério Público depreendeu da conversa que já não era a primeira vez que se enviava «fruta» a árbitros - termo correspondente a prostitutas -, referindo que, de imediato, Araújo telefonou a uma brasileira, Claúdia Gomes, que trabalhava como «alternadeira», para esta arranjar três prostitutas para essa noite.

A investigação detectou que o Estrela de Amadora terá sido prejudicado durante o jogo, que perdeu por 2-0, nomeadamente com um golo em «fora de jogo», atribuindo o facto às três mulheres contratadas para uma noite de prazer, no hotel onde estavam hospedados.

Refere que António Araújo esperou pelos três árbitros com as três mulheres, a quem pagou 150 euros a cada, apresentando-as quando chegaram e indicando que poderia tratar um deles por Paixão.

No final do jogo, o trio de arbitragem - que assumiu a confraternização com as prostitutas - havia jantado numa marisqueira em Matosinhos, com Reinaldo Teles, vice-presidente do FCP, e onde apareceu Pinto da Costa, tendo a conta sido paga por este.

Confrontado com o telefonema, Pinto da Costa disse que o FC Porto devia 130 mil dólares a António Araújo, que é co-proprietário do clube brasileiro Corinthians Alagoano, justificando assim as boas relações entre os dois.

Explicou que Araújo passa muito tempo no Brasil, pelo que tem uma forma de falar abrasileirada, na qual «fruta» queria dizer dinheiro, no caso de uma dívida que estaria a ser saldada.

Sobre as iniciais JP usadas na conversa telefónica, disse que se estavam a referir a outro indivíduo com um nome parecido, amigo de António Araújo para quem eram as companhias em causa e que era casado, o que exigia sigilo.

No final do inquérito, o DIAP/Porto decidiu o seu arquivamento com base em que «as provas recolhidas, reproduzidas em julgamento, sobretudo numa fase processual em que vigora o princípio »in dúbio pró reo«, não teriam a virtualidade de conduzirem à condenação dos arguidos.

»As provas não permitem afirmar, com um grau de certeza razoável, que os ditos serviços foram oferecidos e aceites com o sentido da contrapartida de uma actuação fraudulenta por parte da equipa de arbitragem«, concluiu o DIAP.

Diário Digital / Lusa

12-06-2007 20:57:00


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