domingo, junho 17, 2007
Esta tomada de posição saiu hoje de um encontro em Alenquer, organizado pela Confederação Portuguesa das Associações de Defesa do Ambiente (CPADA), com o objectivo de debater «as questões ambientais da Ota», tendo contado com a participação de várias organizações, entre as quais a Quercus, o GEOTA e a Alambi - associação para o estudo e defesa do ambiente do concelho de Alenquer.
A CPADA pretendeu com esta iniciativa «rebater as posições de hipotéticos ambientalistas» ouvidos pelo ministro das Obras Públicas e Transportes, Mário Lino, disse o presidente da organização, José Manuel Caetano, no fim da conferência.
As associações ambientalistas são unânimes em afirmar que estão contra a localização do aeroporto na Ota, lançando o que o dirigente apelidou de «aviso à navegação».
«Deve-se levar a Portela até à exaustão» e colocar em cima da mesa a opção «Portela+1», que implicaria a manutenção do actual aeroporto em Lisboa, associado a uma segunda infra-estrutura noutro local, como defendeu esta semana o CDS-PP.
Os defensores do ambiente consideram que a escolha da localização na Ota foi tomada sem fundamentos técnicos por ser aquela que era a «menos desfavorável» face à hipótese Rio Frio.
Neste sentido, A Alambi voltou a rebater ponto por ponto os argumentos que fundamentaram a decisão em 1999, pela então ministra socialista Elisa Ferreira, salientando que esta zona do concelho de Alenquer integra, a par de Alcochete, a Zona de Protecção Especial do Estuário do Tejo e possui vários inconvenientes do ponto de vista ecológico, nomeadamente a existência de dois núcleos para a conservação da natureza - a Charneca da Ota e a Torre Bela.
José Carlos Morais, presidente da Alambi, não compreende porque é que a Ota foi escolhida por ter maiores acessibilidades, quando permanecem muitas dúvidas em relação à passagem do comboio de alta velocidade e quando a A1, encarada como a principal via rodoviária de acesso ao aeroporto, «vai entupir por completo», ao não ter « capacidade para receber 2.500 veículos por hora».
Por outro lado, trata-se de uma zona que possui «os solos mais produtivos para a agricultura que o país tem», por se encontrar na Lezíria do Tejo.
Tanto para a Alambi, como para o GEOTA (Grupo de Estudos para o Ordenamento do Território e Ambiente), esta zona do concelho de Alenquer é onde começa o aquífero Tejo-Sado, localizado entre Abrantes e Sines, justificando a riqueza de água existente à superfície e no subsolo, o que obrigará ao desvio de três ribeiros, bem como a movimentar 80 milhões de metros cúbicos de terra e a construir «230 mil estacas de brita com um metro de diâmetro e com 20 metros de profundidade» nas obras de sustentação da infra-estrutura aeroportuária.
O presidente do GEOTA, Carlos Costa, colocou em causa a necessidade de haver um novo aeroporto, quando «se anda a discutir há 40 anos» o assunto, explicando que «estudos recentes estimam uma quebra de 30 a 50% dos voos».
«As opções em cima da mesa são opções velhas», disse este dirigente, para quem «há falta de objectividade nos estudos», que têm vindo a ser elaborados.
«A procissão ainda vai no adro. Não precisam de se precipitar. As opções em cima da mesa são como outras quaisquer», acrescentou, relembrando que o estudo de impacte ambiental para o novo aeroporto não foi ainda iniciado.
A Quercus, pela voz da presidente do núcleo de Lisboa, Aline Delgado, reagiu pelo mesmo diapasão e desafiou a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo, o Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade e o Instituto da Água a pronunciarem-se sobre estas matérias.
As associações ambientalistas, que iniciaram este dia de trabalho com uma visita aos terrenos previstos para a infra-estrutura na Ota, exigiram seriedade e transparência nos estudos e asseguraram que vão continuar esta ronda de encontros em Alcochete não só para analisarem a localização, mas também para auscultarem as organizações locais de defesa do ambiente.
Diário Digital / Lusa
17-06-2007 9:47:00