O presidente da Confederação da Indústria Portuguesa (CIP) afirmou, esta segunda-feira à saída do Palácio de Belém, onde entregou a Cavaco Silva um estudo sobre a localização do novo aeroporto de Lisboa, que José Sócrates já conhecia «há três meses».
Francisco Van Zeller, que encomendou a análise que aponta a zona do Campo de Tiro de Alcochete como a melhor opção, revelou aos jornalistas que a realização do estudo foi «combinada com o primeiro-ministro».
«Há três meses fui ter com ele e disse-lhe exactamente o que iria fazer, como, quando e em que âmbito», sendo que «nas vezes que o encontrei entretanto fui-lhe dizendo o que estava a ocorrer», disse.
José Sócrates prometeu, há três meses, em não fazer nada «para comprometer este estudo», ou seja, que «não iria tomar decisões irreversíveis durante estes três meses e assim fez», adiantou o presidente da CIP.
Francisco Van Zeller acrescentou que recentemente, «numa conversa semi-confidencial», o primeiro-.ministro garantiu que «iria levar a sério e tomar a decisão de dar continuidade» ao estudo em causa.
Por estes motivos, o responsável pela encomenda do estudo disse não se mostrar surpreendido pelo facto de o ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações ter anunciado, esta segunda-feira, que o Governo vai realizar um estudo comparativo entre as hipóteses Ota e Alcochete.
Durante a sua intervenção no colóquio sobre a construção do novo aeroporto de Lisboa na Ota, Mário Lino adiantou que o estudo da CIP será tido em conta pelo Governo, apesar de sublinhar que o mesmo se trata de uma «análise muito preliminar».
O presidente da CIP sublinhou a decisão do executivo de José Sócrates de avançar com um novo estudo não representa uma derrota do Governo e lembrou as dificuldades de Mário Lino durante todo este processo.
«Foi-lhe dito que fizesse um aeroporto na Ota, sendo essa «a encomenda que tinha», pelo que não se poderia recusar a levá-la a cabo, disse, alertando aos críticos do ministro para não exagerarem, «porque não houve derrota de ninguém».
Mário Lino estava apenas «a cumprir uma decisão do Conselho de Ministros»; ainda que «à maneira dele», ainda que «se calhar, de vez em quando» se tenha excedido, acrescentou.
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