sexta-feira, junho 29, 2007
«A Bundeswehr - disse um porta-voz do ministério - atribui um interesse particular à descrição séria e autêntica» da resistência aos nazis e recusa que ela seja confiada a um homem que «professa publicamente a sua pertença ao culto da cientologia».
No filme em rodagem, «Valkyrie», que relata o atentado falhado de 20 de Julho de 1944 contra Hitler, Cruise encarna a personagem-chave dessa conspiração, Claus Schenk Graf Stauffenberg, que trabalhou no edifício, então sede do Estado-maior alemão, e foi executado por fuzilamento num dos seus pátios.
Confrontando a posição das autoridades alemãs, Paula Wagner, da United Artist Entertainment, afirmou que «as opiniões pessoais» do actor não têm «qualquer influência sobre a trama, o assunto ou conteúdo do filme».
Em termos gerais, a classe política alemã apoia a decisão do ministério.
Para o deputado social-democrata Klaus Benneter, a atribuição do papel de Stauffenberg a Cruise é «uma bofetada na cara a todos os democratas, todos os combatentes da resistência durante o Terceiro Reich e a todas as vítimas da seita da cientologia».
O deputado liberal (FDP) Hans-Joachim Otto entende, por seu lado, que autorizar a rodagem do filme equivaleria a reconhecer politicamente a cientologia, que desde há anos é observada de perto pelos serviços secretos alemães.
Berthold Schenk Graf von Stauffenberg, o filho septuagenário do herói da resistência, concorda com a análise de Otto e adianta que Hollywood só poderia fazer do acto emblemático que o seu pai protagonizou um «kitsch horrível».
Diário Digital / Lusa
29-06-2007 11:26:00