terça-feira, julho 24, 2007

 
Parvanov: Líbia ignorou as provas da inocência das enfermeiras

O presidente búlgaro, Guéorgui Parvanov, censurou hoje pela primeira vez a Justiça líbia por ter ignorado as provas jurídicas e científicas de inocência das enfermeiras e do médico búlgaros condenados à morte e finalmente libertados esta manhã.

Até agora, os responsáveis búlgaros tinham optado pela linguagem diplomática a fim de não comprometer as hipóteses de libertação dos seis cooperantes.

«Os tribunais líbios não tiveram em conta provas indiscutíveis, científicas e jurídicas, da inocência dos profissionais de saúde», sublinhou o presidente numa declaração pela rádio e televisão, cujo texto foi divulgado antecipadamente.

«As violações flagrantes dos direitos humanos dos nossos compatriotas também não foram consideradas», acrescentou.

A Amnistia Internacional, por seu lado, optou por apelar para uma reforma do sistema judicial líbio, ao mesmo tempo que esta organização de defesa dos direitos humanos saudava a libertação dos seis búlgaros.

As autoridades líbias «deviam agora proceder a reformas muito necessárias do sistema de justiça criminal para garantir que nada de semelhante possa vir a acontecer na Líbia», declarou Malcom Smart, director da Amnistia Internacional para o Médio Oriente e a África do Norte.

As cinco enfermeiras búlgaras e o médico de origem palestiniano, recentemente naturalizado búlgaro, passaram mais de oito anos de prisão na Líbia onde foram condenados à morte acusados de terem inoculado com o vírus da sida 438 crianças líbias, 56 das quais faleceram.

Os profissionais de saúde, que sempre reclamaram a sua inocência, estabelecida aliás por peritos médicos de renome internacional, denunciaram torturas para obter «confissões».

«Depois de ser detida, trataram-me de uma maneira horrível, bateram-se, deram-me socos e torturaram-me com electricidade, colocaram-me eléctrodos nas mãos até me obrigarem a confessar», disse a enfermeira Valentina Siropoulo ao canal de televisão italiano SkyTG24.

Parvanov disse que indultou os seis técnicos de saúde por estar consciente da sua inocência defendendo que «a única decisão justa do tribunal teria sido a absolvição».

A pena capital dos seis condenados, duas vezes confirmada pelos tribunais líbios, foi comutada para prisão perpétua a semana passada graças à mobilização da comunidade internacional que abriu caminho à sua extradição.

Parvanov sublinhou que «o diálogo com as autoridades líbias foi muito difícil, por vezes penoso».

Elogiou «o tacto, mas também a firmeza» do presidente francês, Nicolas Sarkozy, e da sua mulher, Cecília, do presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, e da comissária para as Relações Externas, Benita Ferrero-Waldner.

Também o ministro dos Negócios Estrangeiros búlgaro, Ivailo Kalfine, manifestou hoje a «profunda gratidão» do seu país para com os parceiros europeus pelo papel que tiveram na libertação das enfermeiras e do médico condenados na Líbia.

Esta mobilização «será sempre considerada pelos meus compatriotas com um profundo sentimento de gratidão para com a Europa», declarou numa carta dirigida aos seus 26 homólogos da União Europeia (UE) e à comissária Benita Ferrero-Waldner.

O Conselho Municipal de Sófia declarou Nikolas Sarkozy, que visitará a Líbia quarta-feira, Cecília Sarkozy e Benita Ferrero-Waldner cidadãos de honra pelo apoio dado à causa das enfermeiras búlgaras.

Do outro lado do Atlântico, os Estados Unidos congratularam-se com esta libertação, qualificando o desfecho como «um desenvolvimento muito positivo».

Diário Digital / Lusa

24-07-2007 21:04:13


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